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Sociedade dos Meninos Gênios – Crítica

Humor ácido, críticas e uma londres steampunk dão forma à essa ficção.

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A literatura têm se adaptado bem aos novos tempos. Gerações mais jovens de autores têm ganhado cada vez mais espaço, principalmente por inserirem personagens e histórias mais relacionáveis aos novos públicos em seus universos. É o caso de David Levithan, conhecido por seus personagens LGBTI, e Lev A. C. Rosen, com sua Sociedade dos Meninos Gênios, tema deste post.

É fácil ser enganado pela capa e título do livro, mas basta ler a sinopse para entender a bela jogada do autor. Nós acompanhamos a história de Violet Adams, uma jovem cientista que decide entrar na melhor escola de ciências da Europa, Illyria, que só aceita garotos, e para isso resolve se fantasiar como um, no melhor estilo Ela É o Cara. A partir daí a trama se desenvolve envolvendo conspirações mundiais, chantagens e romance. Ah, e tudo isso em uma Londres steampunk durante o século 19.

A Sociedade dos Meninos Gênios

Como romance de estréia do autor, é possível notar alguns erros de construção, especialmente no começo do livro, como uma página inteiramente dedicada a um diálogo sem pausas para respirar, mas logo a história evolui e o humor de Rosen começa a dominar os capítulos. Toda a inserção de Violet em um mundo de homens é esperta, cheia de críticas e piadas ácidas para demonstrar como a limitação às mulheres é algo incabível, principalmente quando a desculpa é “as mulheres podem distrair os cientistas”, que soa idiota, mas foi recentemente utilizada por um ganhador do prêmio Nobel…

A história se desenvolve muito bem por quase toda a extensão do livro. É interessante ver a vivência de Violet entre seu grupo de amigos, e as aventuras pelas quais eles passam são ótimas, ainda mais quando passam a envolver misteriosos autômatos assassinos que andam pelo porão da faculdade e uma suposta sociedade secreta que planeja dominar o mundo pois acham que são superiores a todos (o que dá título ao livro).

Os únicos reais deslizes da história acabam ocorrendo no final do livro, com o desfecho da trama e o romance dela. Usado de maneira cômica durante boa parte da trama, ele acaba assumindo um ar mais protagonista ao seu fim, muito apressado para ser bem desenvolvido, e até diminuindo um pouco do poder e ímpeto de Violet, que passou muito tempo em preparação para se revelar como a mulher genial que é, para no final frear diante do amor. Com isso houve pouquíssimo tempo para ver o impacto de sua revelação e genialidade diante do resto da sociedade e de seus amigos.

E o mesmo pode ser dito da história em geral. Com o foco caindo sobre o romance, toda a sequência final se passou muito rápido, sem dar nenhuma importância para o vilão ou para a sociedade dos gênios, que acabou ficando apenas nos diálogos como uma lenda, sem mais do que isso.

Nada disso consegue barrar a qualidade da Sociedade dos Meninos Gênios, que passa ótimas mensagens para o público jovem, usando uma história leve, que bate muito bem nos preconceitos que deseja demonstrar e consegue divertir nesse meio tempo. Com isso resta torcer para alguma sequência acontecer, Violet Adams e seus amigos são muito geniais para acabarem com apenas um livro. Quem sabe uma história ainda mais aprofundada na sociedade e no gênero steampunk?

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sociedade-dos-meninos-gênios-resenhaSociedade dos Meninos Gênios

Título Original: All Men of Genius
Autor: Lev A.C. Rosen
Editora: Novo Conceito
Tradução: Henrique Monteiro
Edição: 2014
Ano da obra / Copyright: 2011
Páginas: 544

Autor: Guilherme Souza

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Nicole Mariana Dela Justina
Nicole Mariana Dela Justina
7 anos atrás

Estou no começo do livro, mas já digo que estou amando a historia, a capa simplesmente me envolveu e a trama não fez diferente….