Besouro Azul | Crítica: Um investimento no coração - Nerdizmo
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Besouro Azul | Crítica: Um investimento no coração

Besouro Azul

Finalmente chegou Besouro Azul, a produção que inaugura o novo universo da DC nos cinemas e com o protagonismo latino. A obra, estrelada por Xolo Maridueña (Cobra Kai) e Bruna Marquezine (que dispensa apresentações ao público brasileiro), tem como propósito escalar um personagem que mal tem destaque nas histórias em quadrinhos e pouco impacta por lá aos cinemas – buscando trilhar um caminho diferente para si, como vimos em Homem de Ferro e até mesmo os Guardiões da Galáxia.

E vamos ser honestos, eles atingem este potencial ainda em meio aos clichês e toda a massante jornada de origem que todos os heróis partem. Ainda nos anos 2000 este tipo de narrativa era divertida e empolgava, mas depois de – aproximadamente – uns 15 filmes e séries da Marvel Studios e da antiga DCEU apenas com este tema, já se tornou algo repetitivo e batido como experiência. Mesmo assim, o herói Jaime Reyes ganha seu destaque no coração da coisa toda.

O caminho pode ser conhecido, mas Jaime, Jenny e toda a família Reyes fazem o trajeto valer a pena. Temos de combinar, é bem distinto vermos que todo o círculo familiar do protagonista conhece a sua identidade secreta (qual acaba não sendo tão escondida assim) e até como o seu par romântico o ajuda em suas missões traz uma dinâmica completamente distinta e é neste ponto que eles ganham a sua atenção. Dom Toretto de Velozes & Furiosos, diga-se de passagem, ficaria bem orgulhoso disso.

A alma do Besouro Azul

Sendo bem sincero, apesar de estar extremamente exausto destas histórias de origem e de como um herói não quer assumir a sua responsabilidade e acaba assumindo a sua nova vida a partir dos poderes obtidos, Besouro Azul cativa. E muito. Não digo apenas pela atuação, qual alguns membros do elenco tiram de letra para te levar ao encanto. Nem só a representatividade latina. Eles te ganham por ter uma alma, é como se cada personagem seguisse a sua própria ideia – e não um roteiro que está por trás.

Não sei se conseguem me compreender quando digo isso, mas a impressão que tive é que grande parte dele pode ter sido feita ao improviso – o que garanto que não foi, mas é aí que se esconde toda a graça do longa-metragem. Milagro Reyes parando no meio do expediente para dar uma “batizada” no banheiro privativo, o tio Rudy e suas frases aleatórias (incluindo “O Batman é um fascista!”) te fazem rir de vez em quando e dão aquela sensação de loucura que apenas quem está dentro de uma casa movimentada poderia se identificar. Nenhum deles fica parado esperando a ação, todos eles a buscam o tempo todo.

Jenny e a Família Reyes brilham muito na produção

E é neste ponto que o filme se distancia dos demais e ganha o coração do público. Ouso dizer que o próprio Xolo Maridueña como Jaime Reyes é extremamente ofuscado pelos personagens secundários e isso acaba sendo positivo para a experiência. O garoto não sabe o que fazer após se formar na faculdade, mostrando bem a confusão da juventude e de como os latinos são vistos pela sociedade. No entanto, acredito que podiam ter trabalhado um pouco mais a sua personalidade e motivações.

Já Bruna Marquezine brilha como Jenny em Besouro Azul, mostrando que a atriz realmente está pronta para tomar Hollywood de assalto. Obviamente que eu não estava esperando o contrário ou torcendo contra, mas não conseguir citar nenhuma gafe ou amadorismo da profissional – que segue a carreira desde a sua infância – fará muita gente que estava resmungando se calar e isso é muito bom. A participação maior da sua personagem ajuda muito, mas ela segura bem as pontas e torna a jornada de Jenny crível no fim das contas.

Ouso dizer que a produção soube trabalhar até mesmo os impactos emocionais, mostrando que não temem botar um ou mais personagens em risco para atingir o seu objetivo. Eles pisam bastante no chão em termos de “perigos” e todos sabemos que algumas vidas podem ser perdidas dentro de tantas batalhas, poderes e coisas estranhas acontecendo ao redor dos personagens. Ver que houve coragem em determinado momento me deixou surpreso e provou que o DCU saberá lidar com o drama de forma adequada.

Humor, drama e ação se encaixam bem na narrativa

A distância do DCEU

Outro ponto que devemos levar em consideração é a distância daquele peso chato que o DCEU carregava, com cenas escuras e pseudo-filosofia preenchendo todos os momentos importantes. Jaime Reyes é um jovem, como Peter Parker e Kamala Khan, agindo como um enquanto segue tentando descobrir seu papel dentro da trama. Há humor, romance, existem momentos tristes também, com cada um deles sendo respeitado dentro de sua própria narrativa.

Um exemplo disso é a avó do Besouro Azul, qual oferece um excelente entretenimento para quem prestar atenção nela dentro das cenas. O aumento de suas funções dentro do enredo toma um espaço tão grande que, no fim do longa-metragem, se torna impossível não sair gostando da atriz e da personagem. E quando a família necessita de um conselho ou um tapa, é ela que sai de seu conforto de figurante para trazer o melhor deles à tona.

Se está buscando entretenimento, veio ao lugar certo

Outra coisa bacana foi a falta de vergonha de citar e falar sobre outros personagens dentro da experiência. Jaime cita alguns deles durante o processo de transformação de herói, como o próprio Superman e o Batman. O tio fala de Flash, em Central City. Isso dá um bom parâmetro de que o protagonista está se transformando em um super-herói no meio de um universo que já está cheio deles – exatamente onde o DCU pode ganhar forças.

Isso pode e deve ser aproveitado, encerrando de vez aquela saga cansada de filmes que contam a história de origem de cada um deles. Superman Legacy pode ser sobre apenas uma das histórias de Clark Kent. Os Bravos e Destemidos já foi afirmado que trará o Batman ao lado de seu filho, Damian. Ou seja, chega de vermos sempre as mesmas cenas e perder mais tempo com isso. O Besouro Azul já vive em uma comunidade ampla de heróis, com Ted Kord vindo antes dele também para firmar isso.

Jenny Kord (Bruna Marquezine) é filha de Ted Kord

Se aceita uma recomendação, ao contrário de Shazam 2 e The Flash, vá assistir à produção nos cinemas. Sim, caros leitores, eu sei que o ingresso está caro e que pagar um valor alto em um filme que nem é uma mega produção pode se tornar uma experiência chata. Ainda assim, Xolo Maridueña, Bruna Marquezine e todos os personagens merecem uma chance de conquistarem o público – como me cativaram e olha que fui bem cético. Pode seguir que ao menos uma boa sessão pipoca te fará bem.

Besouro Azul já está disponível nos cinemas em todo o Brasil. Veja mais em Críticas de Filmes!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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