O campo magnético da Terra é usado por muitos animais, como tartarugas e pássaros, para a migração. Mas os seres humanos nunca pareceram usar isso, ou até mesmo perceber biologicamente. Até agora.
De acordo com um estudo publicado no jornal eNeuro, alguns seres humanos podem identificar a mudança de polos magnéticos.
“Pela primeira vez em humanos, foram observadas respostas claras a mudanças no campo magnético”, disse Michael Ginkmhofer, biólogo da Universidade Carl von Ossietzsky de Oldebur. “Mesmo que o campo magnético não tenha sido percebido conscientemente nos testes que mostraram respostas cerebrais ao campo, o estudo convida [outros cientistas] a acompanhar a pesquisa para entender o mecanismo pelo qual o campo magnético provoca a atividade neuronal.”
Como foi feito o experimento para descobrir se humanos sentem o campo magnético da Terra
O experimento foi feito por meio de escaneamento de dados no cérebro de pessoas em uma sala fechada a qual sofria redirecionamentos de campos magnéticos.
Quando os campos eram movidos de lugar, algumas pessoas apresentavam também mudanças de direção na atividade cerebral.
Vale levar em conta que os participantes não sabiam que seus cérebros estavam respondendo a uma mudança simulada no pólo magnético da Terra, de modo que os cientistas ainda não sabem se existem implicações comportamentais ou fisiológicas para suas descobertas.
“Uma coisa é encontrar uma mudança sutil na atividade cerebral em resposta a um campo magnético fraco e outra coisa é mostrar que as pessoas realmente detectam e usam informações de campo magnético de maneira significativa”, diz Kenneth Lohmann, biólogo da Universidade da Carolina do Norte.
Joseph Kirschvink, um físico do Caltech que trabalhou no estudo, suspeita que algumas células cerebrais possam conter minúsculos cristais magnéticos.
“A magnetorecepção é um sistema sensorial normal em animais, assim como visão, audição, tato, paladar, olfato, gravidade, temperatura e muitos outros”, disse Krischvink ao Gizmodo. “Todos esses sistemas têm células específicas que detectam o fóton, a onda sonora ou qualquer outra coisa e enviam sinais para o cérebro, assim como um microfone ou uma câmera de vídeo conectada a um computador. Mas sem o software no computador, o microfone ou a câmera de vídeo não funcionarão. Estamos dizendo que a neurofisiologia humana evoluiu com um magnetômetro – provavelmente baseado em magnetita – e o cérebro tem um extenso software para processar os sinais ”.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.