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Tropico 6, na pele de um ditador caribenho

Nada como ser um ditador em uma ilha para você mandar e desmandar, não é mesmo?

Tropico 6 | Review - Na pele de um ditador caribenho

El Presidente está de volta com Tropico 6, o mais novo game da série que coloca você na presidência de um arquipélago no Caribe.

Nada como ser um ditador em uma ilha para você mandar e desmandar, não é mesmo?

Mas não pense que isso é fácil. Como você já deve ter notado pela nossa história recente aqui no Brasil, ser um presidente exige bastante inteligência e desenvoltura. Além de, é claro, muito carisma. E a série Tropico é um jogo que tem isso de sobra, principalmente com o seu humor ácido.

Tropico 6 | Review - Na pele de um ditador caribenho

Viva El Presidente

Tropico está na lista dos games para a vida toda, e chega ao seu sexto título melhor do que nunca. Se você já conhece a série, saiba que todas as mecânicas foram melhoradas e o game está totalmente fluido e delicioso de jogar.

Sinal de que a produtora realmente presta atenção na comunidade e trabalha para melhorar o game a cada edição.

Até quem nunca colocou as mãos em um jogo de estratégia ou da série consegue facilmente aprender como funciona tudo, de forma intuitiva via tutorial ou erros e acertos.

Depois de passar por alguns tropeços, você se pegará eletrizado pelo gameplay que te prende horas e mais horas na frente da tela.

Estratégia que diverte e ao mesmo tempo ensina

Confesso que sou um grande admirador de Tropico desde o primeiro game, lançado em 2001, quando eu tinha lá meus 14 anos de idade.

Como um apreciador de jogos de estratégia desde criança (a paixão mesmo começou com Civilization II, em 1996), o game me cativou especialmente pela temática: encarnar um ditador e fazer o possível para sua ilha prosperar.

Um dos fatos que mais agradam neste tipo de jogo é que você realmente aprende coisas.

Há uma infinidade de informações sobre como as economias funcionam, importações, exportações, diferentes ideais, tipos de gerenciamento, de governos, leis, editais… há muito, mas muito conteúdo interessante.

Outra coisa é que, diferente de outros jogos do gênero, este em específico talvez seja o único que de fato permite que você flerte em ver o que acontece ao estabelecer um governo socialista ou comunista.

Normalmente jogos de construção, cidades, colônias, dão pouca importância para o aspecto político. Ou simplesmente se focam em como as coisas funcionam em nosso mundo, ou seja, seguem um regime capitalista padrão, como vemos em SimCity, Cities: Skylines.

No final das contas, apesar de existir um viés ideológico socialista ou comunista para seguir, é claro que na prática e no jogo, nada disso dá certo. Nem capitalismo, nem comunismo.

Não existe apenas um viés ideológico que signifique sucesso.

Aprendemos isso na vida. Aprendemos isso no jogo.

A ideia aqui é beber um pouco de um ideal, um pouco de outro. Encontrar o equilíbrio é o que fará a sua ilha dar frutos.

Não há como vencer as desafiadoras missões apenas atendendo uma facção. Tropico, assim como na vida real, força a presidência a perambular por diversos ideais, entre capitalistas, comunistas, militaristas, religiosos, industrialistas e ambientalistas.

Não há como agradar um sem desagradar outro. E é isso que traz toda a graça do game.

Desafios que te forçam a pensar com criatividade

É necessário gerenciar absolutamente tudo em detrimento da prosperidade da sua ilha. Seja no ramo da indústria, do meio ambiente, da segurança, das possibilidades de diversão, saúde, alimentação do seu povo.

Há uma grande liberdade, porém, em como você fará sua ilha funcionar. Você pode apostar em fábricas, plantações, ranchos, tornar o local um sonho da indústria, ou simplesmente um paraíso turístico.

O jogo propõe diversas missões com um grau de dificuldade alto (mesmo no nível fácil), e faz com que você realmente use o cérebro para conseguir equilibrar as contas, ao mesmo tempo em que mantém seu povo feliz e com índice de aprovação pelo seu governo alto.

É muito interessante a maneira com que as missões são apresentadas, sendo que as primeiras perambulam pelas eras antigas (Rei/Rainha) e época das guerras, e outras inserem o jogador em tempos como a Guerra Fria e os Tempos Modernos.

Cada uma delas traz uma porção de missões que você vai penar para cumprir. Um exemplo disso é que eu, um jogador “ancião” dos jogos da série, cheguei na quinta fase depois de 24 horas de jogo. E na totalidade, são 15 missões disponíveis, fora as ilhas do modo sandbox, onde a criação é livre.

Deslizes ínfimos em comparação a um jogo tão enxuto

Há alguns probleminhas aqui e ali, como um sistema de inserção de ruas e estradas que podem dar uma dor de cabeça às vezes. Inclusive na hora de ligar as ruas com construções.

Além disso, posicionar os prédios pode ser difícil em alguns momentos, e as missões nem sempre oferecem algo muito equilibrado. Isso faz com que você realmente se esforce ao máximo, e vez ou outra comece uma missão do zero após horas de jogo para tentar concluí-la.

Tirando esses mínimos problemas, tudo em Tropico 6 parece funcionar perfeitamente bem.

Diversos problemas que existiam nos games anteriores desapareceram, e tornaram a jogabilidade ainda mais cativante — como o fato de existirem várias ilhas que podem se conectar umas às outras por meio de pontes.

Várias vezes me peguei colado no game a ponto de me esquecer do mundo à minha volta. É como entrar em um portal do tempo. Você começa a jogar no final da tarde, dá um estalo de dedo, e são quatro horas da manhã.

A trilha sonora segue maravilhosa, com músicas caribenhas relaxantes e ao mesmo tempo animadas – no excelente estilo do grupo cubano Buena Vista Social Club. As dublagens, os sons, os personagens, missões, histórias, são extremamente bem escritos e cativantes.

Temos também o humor negro presente em diversas ocasiões. Seja em uma fala aleatória sobre alguma lei ou decreto, seja sobre programas nucleares, espionagem ou privação da liberdade dos cidadãos.

São assuntos sérios tratados com uma comédia peculiar que só Tropico oferece para você.

O veredito

Tropico 6, sem sombra de dúvidas, é o melhor jogo da série. Trata-se de uma mistura de Tropico 4 e 5, sendo que todos os aspectos bons de ambos os jogos foram mantidos e melhorados nesta edição.

Falamos aqui de um jogo com um potencial alto de atratividade, variedade, desafio e também educação. Resumidamente, é um jogo extremamente completo e que garante dezenas e até centenas de horas de diversão.

Um daqueles títulos que você compra e pode jogar por muitos e muitos anos que estão por vir.

Leia mais sobre games.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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