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A Recente Evolução da Diversidade na Cultura Pop

A diversidade tem crescido na televisão, melhorando aos poucos a representatividade que tanto queremos ver nas produções.

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Muito se fala em diversidade na cultura pop, no cinema, televisão, e outras mídias (felizmente!). O mundo é muito grande para sempre vermos apenas pessoas brancas vivendo personagens nas produções que acompanhamos, e a reclamação quanto a isso têm aumentado cada vez mais. É o Egito de Êxodo: Deuses e Reis, o Oscar predominantemente branco e masculino

Contudo (e felizmente, de novo), as coisas estão mudando, mesmo que lentamente. Com o público reclamando cada vez mais destes erros e falta de representatividade, alguns canais, estúdios e pessoas estão mudando as coisas.

A Diversidade na Cultura pop e sua Importância

Tome como exemplo a aclamada How To Get Away With Murder, com Shonda Rhimes na produção. A série é encabeçada por uma mulher, protagonizada por uma mulher negra, apresenta personagens de várias etnias, mostra relações homossexuais, e tudo isso sem cair em estereótipos que ofendem e desinformam. Um trabalho digno de reconhecimento (inclusive Viola Davis ganhou o Emmy por sua atuação e deu um discurso poderosíssimo), e que funciona muito em conta de ter as pessoas certas cuidando disso.

Shonda sabe como criar mulheres porque ela vivenciou vários dos problemas que o gênero enfrenta e isso auxilia os/as roteiristas. Ava DuVernay sabia do que estava falando em Selma, Steve McQueen também, com seu 12 Anos de Escravidão. Há uma grande diferença entre pegar alguém que tem noção do que a cor de sua pele ou gênero carrega, e colocar uma pessoa que nunca vivenciou nenhum dos problemas que essas questões geram.

Não é uma questão de qualidade profissional, mas de referência, de compreensão. Por isso reclamam de como mulheres são representadas em boa parte dos filmes, porque há uma falha na compreensão, não há muitas mulheres na produção, não há muita voz. Roteiristas, diretoras e produtoras entendem melhor como criar uma personagem feminina, e não vemos isso acontecer muito.

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Ava DuVernay no set de Selma

E, vamos lá, todo mundo quer se ver bem representado na tela. Queremos ver personagens com os quais consigamos nos relacionar, e uma parcela de nós já consegue isso, já passou da hora das outras parcelas do mundo terem essa vitória também.

As mudanças

Tendo em vista a questão da representação, algumas mudanças interessantes têm acontecido na cultura pop. Vamos pegar, por exemplo, a Fall Season deste ano. Nós temos algumas séries investindo em atores e atrizes latinos, indianos, negros, para protagonizar suas histórias.

Um exemplo é Quantico, série que mostra um ataque terrorista acontecendo nos EUA, e uma agente do FBI tendo que achar o verdadeiro causador desse atentado, ao mesmo tempo em que vemos flashbacks de sua época de treino na Academia.

A série é protagonizada por uma atriz de origem indiana, Priyanka Chopra, que foge do estereótipo padrão das séries policiais. Além disso, a diretora da Academia é uma mulher negra, interpretada por Aunjanue Ellis, possui um agente gay, uma agente muçulmana, e assim tenta quebrar alguns paradigmas das séries policiais.

Há alguns problemas ainda, como o fato de absolutamente todos os personagens terem aquele padrão de beleza americano, onde absolutamente ninguém pode ter qualquer problema, mas é uma evolução em alguns pontos.

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Além do exemplo da How To Get Away With Murder, podemos citar outras duas estreantes, Minority Report e Blindspot.

A primeira conta com uma protagonista afro-latina, interpretada pela atriz Meagan Good, enquanto a segunda tem uma mulher como protagonista (interpretada por Jaimie Alexander), um time do FBI onde temos 2 homens (um deles negro) e 2 mulheres, além de uma equipe com mais mulheres e homens de variadas etnias, além de a agência ser comandada por uma mulher negra, interpretada por Marianne Jean-Baptiste.

Mais exemplos? Sense8 mostra latinos, americanos, europeus, indianos, africanos e orientais, todos interpretados por atores das regiões certas, além de ter uma atriz trans e um foco em quebrar preconceitos. Orange Is The New Black também é um exemplo completíssimo, com mulheres profundas, diversificadas e um roteiro que sabe do que está falando (até quando usa de extremos, como estupro, o faz de uma forma interessante, ao contrário de, por exemplo, Game of Thrones).

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O resultado disso? A audiência de todas essas séries é mais diversificada, com diversas etnias se interessando mais, se vendo mais na tela, longe do chamado white-washing, que é como chamam o branqueamento de hollywood. Estamos no ideal? Ainda não. Há personagens mal construídos, que, mesmo diversos, ainda são carentes de uma profundidade que represente melhor (é aquela história de alguém que não vivencia algumas realidades estar comandando algo), mas temos bons acertos nesse caminho.

Há um futuro interessante pela frente. A televisão tem dado seus passos para se tornar mais diversa, e serviços como Amazon e Netflix conseguem criar produtos sem preocupação com o que as velhas cabeças que comandam algumas empresas querem (o lucro certo e seguro, normalmente). Sense8, Beasts of No Nation e Transparent são exemplos, dentro dos serviços, dessas pequenas vitórias que temos contra o preconceito.

Quem sabe logo o cinema consegue acompanhar essa evolução. As oportunidades estão aí, e há alguns projetos grandes que podem ser decisivos, basta serem bem feitos, como Mulher Maravilha, Capitã Marvel e Pantera Negra, filmes com potencial para mudar a mentalidade do grande público e de investidores.

Que venha a mudança!

Autor: Guilherme Souza

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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tanira
tanira
8 anos atrás

parabéns pela matéria! muito boa.

Xisvaldo
8 anos atrás

Gostei da matéria!
Achei a ideia do Sense8 muito boa e pelas conversas que tenho com amigos que acompanham várias séries, realmente estão quebrando alguns paradigmas. Um deles comentou sobre o beijo homo entre os “lumberjacks” na abertura de Sense8 (ele ficou meio surpreso no início) e que, aos poucos, foi se acostumando, até encarar de uma forma mais amena.
Não querendo ser chato (nem foi preguiça também) mas quando tentei clicar no nome da Jaimie Alexander, nada acontece. Queria confirmar se era a Lady Syf de Thor e tive que Googlear :).

Ivanka Vinente
Ivanka Vinente
8 anos atrás

Muito Boa essa matéria, assisto muitas séries, e vejo exatamente isso acontecendo, e fico cada dia mais feliz e maravilhada !!!