Os Mercenários 3 - Crítica - Nerdizmo
Nerdizmo

Os Mercenários 3 – Crítica

Terceira parte da saga dos astros dos anos 80

Os Mercenários 3 - Crítica

Os Mercenários 3 (The Expendables 3), traz Sylvester Stallone, Jason Statham, Arnold Schwarzenegger, Dolph Lundgren, Randy Couture, Terry Crews e Jet Li, todos atuando novamente como o grupo de elite para “trabalhos sujos” de Barney Ross (Stallone).

Sim, o personagem de Schwarzenegger fazia parte de outro grupo de mercenários nos filmes anteriores, mas ele é um dos “medalhões” que está de volta – pois nem todos voltaram: Bruce Willis e Chuck Norris, infelizmente, ficaram de fora deste – o primeiro por pedir um cachê impraticável, e o segundo, por mais estranho que pareça, por discordar da violência do roteiro.

É importante citar o nome de cada um deles porque o grande peso e atrativo da franquia Os Mercenários está justamente nos nomes dos envolvidos. Atores (nem tanto no caso de Couture, que veio do UFC e, até o momento, atuou em poucos filmes) que se encontram, nos dias atuais, numa espécie de limbo cinematográfico e que, de fato, vivem de sua história.

os-mercenarios-3

Não fosse pelo resgate do gênero, impetrado por Stallone em Rambo IV (2008), mas principalmente em Os Mercenários, de 2010, nunca mais veríamos alguns desses rostos na tela grande. A maior parte deles seguiu carreira em telefilmes, pontas humorísticas, ou atuando como eles mesmos (ver JCVD, de 2008, com Jean-Claude Van Damme) ou nem isso.

Esses astros vêm de uma tradição do que se convencionou chamar de “filme de brucutu”: o sujeito grande e musculoso, armado até os dentes, suando testosterona e que mete o pé na porta gritando frases de efeito. Também são capazes de abater incontáveis inimigos sem perder tempo mirando ou recarregando a arma. Não à toa, a primeira frase de Os Mercenários 3, dita pelo personagem de Stallone em meio a tiros e explosões, é: “Vamos atacar com tudo”. Nesse terceiro filme, a ação e violência desenfreadas atendem plenamente aos anseios dos fãs desses clássicos oitentistas.

Outro forte atrativo da saga, e uma grande diversão entre os fãs, é adivinhar que outro astro da pancadaria dos anos 80 aparecerá no próximo Mercenários. Nesse quesito Os Mercenários 3 não decepciona, trazendo como novidades Mel Gibson, Harrison Ford e Wesley Snipes. Este último não poderia ter sido inserido na trama de forma mais apropriada (e divertida). Snipes passou os últimos anos preso por sonegação de impostos, e o filme já começa com a equipe de Barney Ross tentando libertar (de um trem em movimento) um prisioneiro (Doc, personagem de Snipes) que está sendo levado para uma prisão de segurança máxima.

exp3-inside

Mal a plateia está recuperada do resgate de Doc, e outra missão surge, apresentando mais porrada, tiros, uma minigun e um novo bandido: Stonebanks (Gibson) um dos fundadores dos Mercenários, antigo colega e, agora, inimigo perigoso, que de cara e sem nenhuma dificuldade coloca fora de ação um dos soldados de Ross (recurso oitentista dos mais clássicos para mostrar a periculosidade de um vilão desconhecido).

Ao ver um dos seus à beira da morte, Ross dispensa os antigos colegas e recruta novos soldados, entre eles Galgo (Antonio Banderas) divertidamente tentando se passar por alguém mais jovem do que de fato é. O cinema foi às gargalhadas com sua cena fazendo parkour em uma fábrica para impressionar seu contratante.

Surge também, como nova integrante, Luna (a lutadora de MMA Ronda Rousey) e mais alguns sujeitos genéricos e facilmente esquecíveis encarnando papéis que não saem do lugar-comum: o “hacker” e o “estrategista” (lembrando que já temos o “galanteador” e a “mulher fatal”), numa sucessão de clichês que te faz torcer ainda mais pelo retorno dos veteranos.

O subsequente e inevitável embate de gerações que se segue é a parte morna e dispensável do roteiro, e aponta que, talvez, o grupo de Stallone não volte todo para o quarto (e já anunciado) filme da saga. Não ficou claro se há uma pretensão de “rejuvenescer” a franquia (se foi isso, falhou completamente) ou se foi apenas uma manobra infeliz do roteiro. Muito mais divertido é pensar em que outros astros dos anos 80 Stallone poderia convocar para o próximo filme, e o nome que todos tem na ponta da língua é um só: Steven Seagal (com menções honrosas para Kurt Russell, Christopher Lambert, Lou Ferrigno, Bolo Yeung, Lorenzo Lamas e Mark Dacascos).

Apesar de manter o pique dos dois primeiros filmes, o diretor Patrick Hughes (de Busca Sangrenta, 2010) podia ter sido mais cuidadoso com a pós-produção. O recorte do chroma key em algumas cenas de explosão é lamentável. Esse tipo de falha, em 2014, em um filme que pretende ser um blockbuster, é totalmente inaceitável.

mercenarios-3

Por mais que o roteiro de Os Mercenários 3 seja “raso”, seu público é extremamente exigente. E esse raso aparece entre aspas porque tem mais a ver com a linguagem que esse filme busca resgatar que com reais problemas de ritmo ou narrativa. Se o roteiro fosse mais complexo, provavelmente não funcionaria. Ele é, em todos os sentidos, um filme deslocado de seu tempo, e parte da curtição está justamente nisso. Temos, ainda, o inigualável carisma dos atores que mais parecem um grupo de amigos se divertindo entre um tiro e outro.

O humor metalinguístico, marca registrada da série, comparece e conta com um repertório vastíssimo de frases de efeito da filmografia – e da vida – dos brucutus. Posso dizer com toda sinceridade: eu, que cresci assistindo em loop filmes como Braddock (1984), Comando para Matar (1985) e Cobra (1986), e que amarrava faixa do Rambo na cabeça não consegui segurar a gargalhada quando Arnold Schwarzenegger gritou, a plenos pulmões, uma das frases imortalizadas no clássico de 1987, O Predador: “Get to the choppa!”. Sem mais delongas, Os Mercenários 3 é um verdadeiro presente para os fãs.

Nota: 4/5

4estrelas

Os-Mercenários-3-capaOs Mercenários

Diretor: Patrick Hughes
Duração: 126 minutos.
Elenco: Sylvester Stallone, Mel Gibson, Arnold Schwarzenegger, Antonio Banderas, Harrison Ford, Jason Statham, Wesley Snipes, Randy Couture, Dolph Lundgren, Terry Crews, Kellan Lutz, Ronda Rousey, Kelsey Grammer, Glen Powell, Victor Ortiz
Lançamento: 21 de agosto de 2014.

Autor: Daniel Robledo

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

All Comments

Subscribe
Notify of
guest
1 Comentário
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Amanda Reznor
9 anos atrás

Muito boa a crítica!

Eu, que nunca assisti e pouco sei da série, acabei até ficando interessada em conhecer melhor ^_^