Star Trek Discovery – Temporada 4 | Crítica: Um novo rumo

Para mim, a terceira temporada de Star Trek Discovery teve um tom completamente destoante das suas duas anteriores. Tudo que eu aclamava estava subtraído da fórmula e isso me incomodou bastante. Com a viagem dos personagens ao futuro, a ligação com a Frota Estelar tinha se perdido. Os personagens estavam mais distantes do núcleo que os unia. Até mesmo Book e os novos nomes dessa saga do futuro não achei tão agradáveis assim.

Temendo que a série entrasse em um ritmo que se perdesse da ideia original, comecei a ver a quarta temporada descrente. Óbvio, o início e a segunda foram impactantes demais, não queria me desapontar mais ou achar o conteúdo chato. Para o meu grande engano, esta nova leva de episódios resgata o que a franquia tem de melhor e traz um grande baque que move tudo justamente na direção mais agradável possível aos fãs.

Nela vemos Michael Burnham no comando da Discovery e encarando sua primeira ameaça como capitã titular. Uma gigantesca distorção espacial começou a destruir mundos e tornar o caminho no espaço em algo mais perigoso, criando uma tensão de tamanho colossal para impedí-lo antes que cause mais catástrofe. O problema é que, agora, ela terá de lidar com toda a burocracia da Frota Estelar politizada e voltando à ação. Se as duas coisas juntas vão resolver a situação ou apenas atrapalhar mais a missão da nossa protagonista, deixarei a resposta para você assistir e descobrir.

O retorno das aventuras clássicas de Star Trek Discovery

A partir disto, pode ter certeza de que teremos a nata da ficção científica em Star Trek Discovery tomando o controle de tudo. A missão dos nossos queridos personagens é encontrar uma forma de acabar com todo este perigo sem alarmar os demais planetas e organizações que estão se unindo às forças oficiais. Isso não ocorre sem uma voz forte no comando e é aí que entra uma das maiores forças desta temporada: a presidente Rillak. Ela é um dos elementos-chaves para todo o desenrolar da saga e duvido que não a mantenham para as próximas, tamanha é sua representação.

A personagem é uma verdadeira força da natureza em tela e surge justamente para impedir Burnham de cometer as maiores atrocidades pelo que acha ser o certo. Mostrando o outro lado da moeda, ela em pouco tempo de tela já é capaz de conter a impulsividade da capitã e fazê-la pensar sobre seus próprios atos. Isso só é possível por dois fatores: obviamente, a atuação de Chelah Horsdal que se tornou fenomenal e do próprio roteiro.

Se tem algo que podemos aclamar nestes 13 episódios que contém o quarto arco do seriado é a sua história. Vemos neste pouco tempo a evolução pessoal de vários personagens, quais acabam se tornando até maiores do que o espaço confinado que a nave carrega deles. Também temos uma trama amarrada de forma uniforme, nunca se perdendo do seu real objetivo e de onde queria chegar. Neste ponto, eles tiveram tanto a oferecer que nem parece que foram poucas semanas que tudo ocorreu.

Além disso, também devo afirmar para vocês que Star Strek Discovery finalmente se soltou das amarras que o seguravam, mostrando ao que realmente veio. Temos homenagens e regras clássicas de toda a franquia, mas eles demonstram ir fora da caixinha em vários dos seus aspectos e renovam o voto de ir onde homem algum jamais esteve. Não que verão coisas inéditas, mas terá belas surpresas com tudo que já foi apresentado até aqui.

Este excesso de camadas que é oferecido é o ingrediente perfeito para tornar as coisas mais interessantes ao público, movendo todas as peças com louvor até o grand finale. Mesmo que os rumos e a motivação central de quem se torna o antagonista não sejam tão gritantes assim ou causem alvoroço, a forma como é contada toda essa história que merece a sua atenção pela atenção aos detalhes e carinho com todos os seus heróis. Até Zora, a inteligência artificial que vive na nave com os demais, tem o seu momento para brilhar.

Economizando um pouco no conteúdo

Apesar de eu ter amado a quarta temporada, tem um fator gritante que é impossível não ser citado. Em vários momentos de ação e que impactarão tudo a partir dali, nada realmente é mostrado aos fãs. Vemos eles na sala de controle, discutindo enquanto os seus visores mostram coisas genéricas. Ou em grandes combates, onde colocam as principais vozes em uma sala de reuniões com “janelas” que continuam não mostrando absolutamente nada. Me passou a sensação de que eles economizaram bastante em efeitos visuais por aqui.

No entanto, quando algumas situações de Star Trek Discovery não podem fugir disso, eles mandaram bem demais. Eu entendo que houve uma prioridade de recursos financeiros agindo, pois parece que todo investimento que tinham voltaram para alguns momentos impressionantes. Planetas explodindo, espécies alienígenas colossais, fugas das naves em certas cenas, a beleza realmente está ali. Nos demais, só diálogos e cenas fechadas. Essa dualidade incomoda e é inegável para quem assiste.

Uma pena não conseguirem mantê-la no restante dos episódios e isso ser tão seletivo. Havia potencial para terem expandido isso sem perder a qualidade. Isso não é um grande problema, porém é extremamente perceptível para o espectador, tornando tudo em momentos ou extremamente lindos ou com uma boa contextualização e só.

Particularmente falando, também não me agradou tanto as motivações do principal vilão deste arco. Alguns podiam falar que ele tinha uma boa razão e seria obrigado a concordar. Porém, há milhões de formas de resolver um problema e não acredito que este personagem em particular não conseguiu pensar em nenhuma que evitasse causar qualquer destruição em escala galáctica.

De resto, não tenho nada do que reclamar deste arco, inclusive achei impressionante vários fatores que apenas esta série é capaz de abordar com tamanha naturalidade. Não vemos nada forçado ou que não esteja no roteiro por uma boa razão, levando tudo ao rumo que acabei de assistir no último episódio. Isso só me motivou a querer pedir para a Paramount+ trazer logo novas aventuras para eles. Eu sei que teremos Strange New Worlds vindo aí, mas não é a mesma coisa. Vocês sabem disso tanto quanto eu.

Se, assim como eu, você também não sentia muita vontade de voltar a ver Star Trek Discovery, pode ver sem medo de ser feliz. Vai rir, vai chorar, vai se sentir uma aflição sem tamanho e também vai se conectar ainda mais a este universo que está expandindo para algo maior. A ação está de volta, Michael Burnham finalmente chegou ao comando e está na hora de ver para onde ela levará tudo isso. Se prepare, pois a jornada será dura. Porém, valerá bastante a pena.

Todos os episódios de Star Trek Discovery estão disponíveis para assistir na plataforma Paramount+. Veja mais em Críticas de Séries!