Resident Evil: O Hóspede Maldito e 20 anos de história - Nerdizmo
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Resident Evil: O Hóspede Maldito e 20 anos de história

Resident Evil

Nesta semana o filme Resident Evil: O Hóspede Maldito completou vinte anos desde sua estreia, aumentando ainda mais a força da franquia e alavancando milhões aos cinemas a cada novo título. Não é errado afirmar que até hoje divide fãs. Enquanto uns reclamam de não terem adaptado com perfeição os games da linha, outros se divertem até hoje assistindo as aventures de Alice, uma super-humana.

Porém, no início, tudo isso era apenas mato. No longa original, a personagem inédita não carregava memórias nem sabia o que estava fazendo dentro da clássica mansão. Ela apenas descobre o laboratório secreto da Umbrella e segue confrontando mortos-vivos e a inteligência artificial que comandava todo o local.

Com alguns dos personagens clássicos presentes, a trama focava em sua empreitada contra Albert Wesker para entender melhor a sua própria existência. Tivemos uma tonelada de produções depois e um fim que a maioria prefere esquecer, mas é inegável que o primeiro marcou uma geração. E é sobre isto que iremos conversar.

Alice marcou toda uma geração com suas aventuras

Resident Evil: O Hóspede Maldito é suco de nostalgia

Se você assistir Resident Evil novamente, perceberá que muitas das coisas ali foram criadas para separarem o produto da linha de games e está tudo bem em relação a isso. Nem tudo da Marvel é 100% adaptado dos eventos das HQs ou o anime de Pokémon relacionado aos games principais. Nem por isso são impedidos de contar boas histórias.

Claro que tivemos as várias criaturas e universo expandido dos jogos da série por lá. Pode não ter sido no primeiro filme, mas ter a presença de Nemesis, Chris e Claire Redfield, Jill Valentine, Leon S. Kennedy e diversos outros seres icônicos chamava bastante a atenção do público e dos gamers de plantão.

E quanto mais isso crescia, mais se afastava do material original. No fim tivemos batalhas megalomaníacas e nem mesmo os zumbis importavam mais. E daí? Estamos em RE8 nos videogames e eu nem me recordo quando foi a última vez que vi os mortos-vivos clássicos na série principal, excluindo os remakes desta ordem. Reclamar disso é se esquecer que estes oponentes ficaram no passado, para o bem e para o mal.

Além dos zumbis, enfrentaram diversas criaturas da franquia

O importante de ressaltar em Resident Evil: O Hóspede Maldito é o legado que deixou e a força que Mila Jovovich ganhou, qual permanece até os dias de hoje. No mundo das adaptações de videogames as coisas nunca obtiveram muito sucesso, principalmente quando diretores e estúdios não compreendem bem o universo quais estão tentando recriar.

Por serem mídias distintas, mudar demais sempre mostrou impactos negativos, assim como adaptar de forma fiel demais. A própria franquia é um exemplo disto. O último longa, lançado no fim de 2021, tentou fazer um reboot adaptando o arco do primeiro e segundo jogo da linha de forma perfeita e o tiro mais do que saiu pela culatra.

Não foi confirmado até o momento se ele ganhará uma sequência ou não, tamanho o número que foi de críticas dos fãs. A Sony Pictures deve estar sentada em uma mesa tentando entender até agora o que foi feito de errado e a resposta está escondida a sete chaves. Um dia eles terão a resposta em mãos, enquanto Sonic e Detetive Pikachu acenam da janelinha.

Resident Evil
A nova adaptação passou longe do sucesso também

Um produto de sua época

Você pode até não gostar dos filmes antigos, mas tem de admitir que Resident Evil e a primeira sequência, qual move todos os núcleos para Raccoon City, são filmes clássicos da cultura nerd. Até mesmo quem nunca jogou ou teve a oportunidade de ver os horrores demonstrados nas telinhas conhece seus personagens e o caos que a invasão zumbi causou à sociedade.

Quer se certificar disso? De forma simples e rápida, mostre o símbolo da Umbrella para qualquer um e duvido que a pessoa não reconheça de onde ele saiu. Falo por experiência própria, já que era daqueles que andavam com uma blusa preta com o logo da farmacêutica maligna estampado por aí.

Sempre tem um que vai me dizer: “as cenas de ação são muito bregas” ou “os diálogos são cheios de clichês” e concordo. Porém, temos de mergulhar um pouco naquela época para compreender essas escolhas. Paul W. S. Anderson nunca foi um diretor genial, mas carregava em seu currículo o sucesso da primeira adaptação de Mortal Kombat.

É brega demais, mas é bem legal

Sua esposa, Mila Jovovich, também vinha carregada de um grande sucesso do gênero ficção científica com O Quinto Elemento. A ideia de trazer Resident Evil à luz parecia tentadora demais para não tentarem criar algo em uma saga que estava bombando no mercado vizinho e prometia ser levada por gerações adiante.

Também devemos levar em consideração que, naquele tempo, as coisas eram mais fáceis para os produtores desta franquia em específico. Os jogos estavam fechados em uma trilogia muito bem-feita e com RE Zero mostrando detalhes ainda mais pertinentes da trama. Não tinha tanto assim para se trabalhar, abrindo espaço para criarem mais e tornar a obra mais distinta daquilo que os jogadores conheciam.

Afinal de contas, algo tinha de atraí-los ao cinema e o fator novidade é chamativo por si só. Além disso, temos o imenso flerte com a tecnologia que veio desde alguns anos antes com Matrix. A Rainha Vermelha é a oponente perfeita, já que ela é apenas uma inteligência artificial. Zumbis são feras sem o menor surto de consciência.

Era o que bastava para enfiar Alice e todos os agentes dentro do laboratório para atirarem em tudo, fazerem movimentos de luta que impressionavam naquela época e falarem coisas que nos fariam sentir vergonha alheia. Me diz, tem como errar entregando o básico daquilo que o público queria? Se tinha, não foi o que aconteceu com Resident Evil.

Há cenas impressionantes e marcantes, até para a sua época

A adaptação que todos reclamaram

Até os dias atuais o público chora porque O Hóspede Maldito abriu uma leva inteira de filmes que foram de mal a pior. Não digo em bilheteria, já que ele arrecadava milhões e trazia ainda mais interesse nos games, quais não andavam bem das pernas depois do lançamento do quinto jogo principal.

Porém, não dá para você negar a genialidade deste filme e em como ele abriu um caminho perigoso, mas que depois se tornou um evento próprio. Para terem uma ideia, o sexto e último longa bateu vários recordes, tanto no Japão quanto em todo o mundo. Convenhamos que o mercado nipônico é fechado para recriações de obras que nasceram por lá e este fato implica muito para levarmos em consideração.

Reclame, chore, fale mal, mas vamos ser sinceros aqui: ele ter se afastado dos elementos centrais da franquia foi até bom. Primeiro, não houve mistura muito danosa de conteúdo. Em segundo lugar, permitiu que pessoas diferentes pudessem gostar da mesma coisa sem comprometer nenhuma delas a um público em particular.

Você pode não gostar, mas o filme é um divisor de águas

Um exemplo disso foi ver minha namorada, fã dos filmes, assistir a uma partida do remake de Resident Evil 2 em meu PlayStation 4 e ficar horrorizada com as coisas que acontecem por lá. O nome ela conhecia de cor e salteado e seria capaz até de me dar um CD de videogame por saber que sou fã do outro lado. Porém, a história original ela nunca tinha visto e não sabia que envolvia tanto sangue e pedaços de corpos voando por aí.

Vamos ser sinceros, se ela soubesse que era tão pesado assim e tão cheio de impactos, talvez nem tivesse assistido ao primeiro filme. Ainda assim, ela se tornou presente nos cinemas a cada novo lançamento que teve. Nem preciso dizer que, como gamer, isso me rendeu diversas piadas e gracinhas para cima dela, mas ainda assim somos duas pessoas que gostam do mesmo conteúdo e que veio para cada um de formas distintas.

Não é este o ponto? Independente da área que você atinja, o importante é falar com aqueles que são parte do seu público-alvo. E sem Resident Evil: O Hóspede Maldito, uma legião deles estaria carente de conteúdo dos zumbis, Alice e das diversas perseguições e batalhas que se decorreram pela franquia. Isso não passa nem perto de ser ruim, diga-se de passagem.

Vinte anos depois, tudo que podemos concluir é que ele se tornou sim muito importante e tem um papel enorme na adaptação de games para os cinemas. Assista-o novamente e tire as suas próprias conclusões ou, no mínimo, respeite que o trabalho deles abriu uma janela que até hoje está escancarada para o sucesso multimídia deste universo.

Veja mais em Especiais!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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