Oshi no Ko - Temporada 1 | Crítica: O espetáculo - Nerdizmo
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Oshi no Ko – Temporada 1 | Crítica: O espetáculo

Oshi no Ko

Os onze episódios da primeira temporada de Oshi no Ko já foram exibidos e tomaram o planeta de assalto. A obra, criada por Aka Akasaka (Kaguya-Sama: Love is War), não só chamou a atenção do público pelo seu desenho ou o apelo da história – mas por todo o conjunto que veio acompanhado ao anime, da animação às sequências que replicam o que vemos dentro do show business.

Em resumo de sua trama, vemos Ai Hoshino – uma das maiores idols japonesas e menor de idade seguindo para uma cidade do interior para cuidar de sua gravidez secreta. O seu médico é um fã dela e, apesar de não falar nada sobre o assunto, cuida de todo o processo com todo o carinho possível – não apenas por si, mas por outra paciente que faleceu sob seus cuidados e que o ensinou a gostar da artista. Na noite do parto, um outro fã o encontra, desconfiando de toda as circunstâncias e assassina o doutor. No entanto, ele renasce como um dos filhos gêmeos dela.

O especialista volta no corpo de Aqua, enquanto a sua irmã – Ruby – é justamente a menina que ele ajudava em seu tratamento de câncer e o incentivou a ser fã da estrela. Porém, nenhum deles sabe isto, gerando interações bem divertidas entre ambos. O início de suas vidas é cheio de alegrias, principalmente por acompanharem Ai Hoshino em sua vida pessoal e em seus shows. No entanto, o mesmo fã que matou o médico reaparece e consegue cumprir seu objetivo: assassinar a própria idol. Sabendo que isso foi “armado” por alguém que sabia do cotidiano dela, Aqua então jura vingança contra o responsável.

A vingança em Oshi no Ko

Um dos principais pilares de Oshi no Ko é o espetáculo que é a sua animação. Diversas cenas, que passariam como “bobas” em outros desenhos e até cotidianas recebem um tratamento insano – destacando os mais pequenos detalhes como a movimentação dos personagens e da câmera, como se estivéssemos vendo algo no mundo real. Tudo é feito com o único propósito de atrair o público, independente de seu gosto e do que está buscando da obra.

O primeiro episódio tem aproximadamente 1h, te levando a conhecer todos aqueles personagens com uma profundidade assombrosa e uma montagem que faria qualquer fã de animes a ficar de queixo caído. Os demais seguem seu exemplo, seja mostrando Aqua em seu caminho de vingança ou sua irmã, Ruby, seguindo os passos de sua mãe e tentando ser uma idol – algo que era impossível na sua vida antiga, devido à doença que a matou no passado.

Ruby quer seguir os passos da mãe no mundo das idols

Um dos grandes focos é o próprio show business, mostrando como é a vida de artistas como atores, cantores, diretores e diversos membros das equipes de produções que seguem em conjunto. Personagens “secundários” como Kana Arima e Akane Kurokawa brilham de tal forma que você passa a torcer por elas tanto quanto os principais. Às vezes, até mais, diga-se de passagem. Cada um tem seu apelo, sua própria história e isso vai se entrelaçando conforme a história avança.

Se você gostou de Kaguya-Sama: Love is War, há alguns elementos na obra que te lembrarão do outro anime que ainda segue sendo produzido. Aqua e Kana, por exemplo, travam o mesmo embate de Kaguya e Shirogane com um romance crescendo entre ambos e ninguém admitindo seus sentimentos. Isso acaba dando um certo humor para a trama densa de Oshi no Ko, o que acaba sendo legal em alguns momentos onde você precisa dar uma respirada – principalmente após impactos fortes na obra.

Aqua busca vingança, mas tem de lidar com seus sentimentos

Digo isso como um alerta, já que eles tratam diversos temas presentes na vida dos jovens como romance, interações sociais, nossas relações com a internet e até mesmo gatilhos que presenciamos como a depressão e tentativas de suicídio. E, ao contrário do que temos em alguns desenhos e filmes que levam isso de forma simples e até “irresponsável”, estes são tratados com a seriedade que merece. Confesso que me espantei com o tamanho do cuidado com alguns destes temas, justamente por ser raro de ver.

Uma história mais dramática se esconde nos véus do show business

Ainda é pouco

Ainda que seja um anime espetacular e eleve ainda mais o patamar que já conhecemos, onze episódios foram “pouco” para levarmos essa história como a melhor do ano. Com o sucesso que está fazendo, tenho certeza que receberá uma “parte 2” ou uma segunda temporada logo, mas a sensação que ela te dá é que estamos apenas presenciando um “prólogo”. Uma preparação para o que veremos a seguir e conhecermos os personagens que farão parte de tudo isso.

Não me entendam errado, caros leitores, isso acontece em todos os animes. Obviamente, com Oshi no Ko não seria diferente. Porém, não vemos um avanço real da trama em sua totalidade. Aqua começa em seu trajeto de vingança e são poucas informações que obtém no decorrer da temporada. Ruby já tem um progresso mais digno, juntando pessoas em sua agência para reformularem o “B-Komachi” – grupo de idols que sua mãe fez parte e mostrando tudo do início até a primeira apresentação delas nos palcos.

Ai Hoshino era a estrela do B-Komachi

Só queria um desenvolvimento maior no mistério principal, qual parece ficar em segundo plano em alguns episódios. Acabamos por ver Aqua seguindo o caminho com calma, qual não é uma forma ruim de resolver tudo, mas que te deixa naquela vontade de ver seus desdobramentos o quanto antes. Sei que muitos fãs apelarão para ler o mangá depois, mas em meu caso, prefiro manter fiel à animação – onde me encantei por este universo trazido por Aka Akasaka e o estúdio Doga Kobo.

Caso esteja procurando um anime de qualidade e que já finalizou seu primeiro arco, Oshi no Ko é a principal pedida neste primeiro semestre de 2023. O único entrave que encontrará no mercado nacional é a ausência dele das plataformas de streaming. Tive de ver no formato “alternativo”, já que o app HIDIVE não permite acessos da América do Sul e também não foi disponibilizado em outros como Crunchyroll, Netflix e nem na Star+ até o momento que este texto foi escrito. Caso tenha seus métodos para conseguir vê-lo, é um dos que mais valerão a pena e que te deixarão na vontade de ver a Temporada 2 – qual espero que não demore muito a vir.

Veja mais em Animações e Curtas!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Jeferson Santos
Jeferson Santos
9 meses atrás

Fala camaradas!

Assistimos os 11 episódios de “Oshi no Ko” e achamos bem interessante.

Trata-se duma versão anime shounen de “Perfect Blue”, no que tange ao debate da indústria do entretenimento. Recomendamos que vocês assistam esse filme, inclusive, caso não tenha visto.

Vocês perceberão que 20 anos atrás o assunto já tava dado: já era realidade os perigos de se entregar de corpo e alma a essa máquina de moer gente que vende ilusões aos que consomem esse tipo de entretenimento e que quem quer trilhar por esse caminho já tem que saber que o mar de rosas é uma ilusão tremenda. Não raro, muitos desses simulacros de artistas adoecem e o índice de suicídios é grande no meio, exatamente como foi magistralmente mostrado no episódio 6 de “Oshi no Ko”. Neste caso específico, a tragédia só não se consumou porque Aquamarine chegou no momento exato.

Embora não saibamos como será daqui pra frente (embora já dê pra fazer ideia do que virá), “Oshi no Ko” já teve algumas das tragédias que “Perfect Blue” também mostra, no que respeita ao impacto que a fama gera e como é difícil lidar com isso se não há estrutura emocional e social estabelecida.

Há outras questões paralelas que merecem destaque, como a personalidade sombria de Aqua (“herdada” do médico Goro, que sempre foi um homem fleumático, embora estivesse um pouco mais “humanizado” ao se tornar fã de Ai Hoshino e cuidar de sua gravidez). A maneira quase onipresente como ele é colocado nas situações faz lembrar outro grande personagem no sentido da centralidade de toda a saga estar vinculada às suas ações: Ayanokoji Kiyotaka, do excelente “Classroom of the elite”. Embora faça sentido com o “alter ego” de Aqua (que é um homem adulto encarnado numa criança sem ter perdido as memórias pretéritas, subvertendo o que se dá segundo as doutrinas espiritualistas), em alguns momentos essa postura gelada com aquele olhar vidrado de estrela sombria contrasta com situações em que ele cede às evidências e não se põe de forma tão iracunda (como no flerte “discreto” com Akane Kurokawa), o que sugere que é algo forçado como quem quer “manter a fama de mau”, como diria o saudoso Erasmo Carlos.

Sobre Ruby, achamos uma ótima sacada dos autores tirarem dela um protagonismo que seria óbvio. É Arima Kana a líder vocal e front girl do grupo, que é um remake do finado grupo de Ai Hoshino, mãe de Ruby. A sacada foi pensada porque acontece na vida real com muitos grupos nesse estilo: nem sempre o galã ou a gata da turma é quem realmente carrega musicalmente esses grupos, às vezes é a(o) menos bonitinha(o) quem realmente canta ou toca alguma coisa nessas situações. Lembrando que Ruby seria a mais gatinha das três, exatamente como a mãe era, e é a mais avoada, também exatamente como a mãe era…

E foi uma ótima sacada o primeiro episódio (aliás, 99% de quem assistiu também teve essa impressão) no formato de filme-piloto, isto é, “o filme que deu origem à série”, ainda que tenha sido um formato reduzido se compararmos com filmes de fato. Boa parte dos grandes seriados, minisséries e outros que tiveram esse recurso foi aprovada com louvor e se desenrolou muito bem.

Enfim bicho, esperamos que “Oshi no Ko” mantenha o alto nível na próxima temporada e que não repita o fiasco de “The promised Neverland”, que teve uma primeira temp PERFEITA e uma segunda ASQUEROSA. Vamos ver que bicho vai dar!

E assistam “Perfect Blue”, que creio que vale até resenha aqui no site.

Abraços fraternos, compas! Salaam aleikum!!!