Obi-Wan Kenobi – Episódios 1 e 2 | Crítica: O Jedi

A estreia de Obi-Wan Kenobi na Disney+ não poderia ter sido mais surpreendente. Da última vez que vimos o personagem, ele tinha entregue os pequenos Luke e Leia para serem criados em locais separados. Da próxima, preso ao planeta desértico de Tatooine esperando até o grande Skywalker estar pronto para confrontar seu próprio pai. Porém, o meio sempre foi um grande mistério. A pergunta era: o Jedi ficou mesmo tanto tempo nas sombras e parado apenas aguardando?

O seriado aparece para nos mostrar que não foi bem assim. Após 10 anos desde a Ordem 66, o mestre vivia de forma branda e sem chamar nenhuma atenção. Apenas observando Luke de longe, ele aguardava pelo dia prometido como todos sabemos. Porém, algo saiu da rota e chegou a vez de entrar em ação. Como dizem durante os dois episódios, apenas mais uma vez.

O que, para mim, era até desnecessário se mostrou uma grande surpresa. Neste combo dos capítulos fui convencido de que a aventura valerá a pena e tem muito mais do que a campanha de marketing nos apresentou. Então, que tal embarcar conosco nesta jornada até uma galáxia muito, muito distante? A partir de agora, faremos a cobertura também desta aventura Star Wars e te convidamos a fazer parte dela.

Obi-Wan Kenobi não está sozinho

Um dos meus maiores problemas em visualizar Obi-Wan Kenobi era mais uma vez ficar assistindo uma aventura no meio do deserto de Tatooine. Sei que muitos acharam entediante isso em O Livro de Boba Fett, assim como eu. Porém, podem ficar tranquilos que nosso protagonista não estará “preso” por lá. Nem mesmo a história. Com várias vertentes, podemos ver diversidade de ambientes que agradarão a grande parte do público.

Isso também vale para os personagens secundários, cujos alguns brilham até mais do que o herói. Porém, não pense que ele não recebe profundidade alguma. Vemos o antigo mestre Jedi vivendo escondido, independente dos custos que isso cause. A missão dele é clara: observar Luke Skywalker até o dia que ele esteja pronto, para que possa treiná-lo e voltá-lo contra o Império. Se algo ousa interromper isso, não será o responsável por cuidar das situações.

Então, o que poderia tirar ele de seu caminho? Pois é, caros leitores, Luke não nasceu sozinho. Para quem não se lembra desta parte do roteiro ou não conhece tão bem de Star Wars, o personagem tem uma irmã gêmea: Leia. E vamos ser sinceros, ela é tão importante quanto o rapaz. Ouso dizer que até um pouco mais, porém essa discussão fica para outro dia. O problema é que, quando ela entra em perigo, ele sente a responsabilidade de cuidar das crianças que Anakin e Padmé tiveram juntos. Ou seja, terá de usar o sabre de luz mais uma vez.

O que mais me surpreendeu foi a presença da pequena Leia no roteiro. Ela, nestes dois episódios, é um elemento importantíssimo para compreendermos a motivação de Obi-Wan Kenobi e sua atual missão. Vivien Lyra Blair, no papel da jovem que se tornaria uma das maiores generais da galáxia, rouba a cena e mostra que a saga “prequel” pode trazer muita coisa boa também. Em certo momento, o protagonista reclama que ela parecia demais alguém que ele já conheceu: imprudente, teimosa e cheia de energia. Qualquer um que assistiu á trilogia antiga ou a saga Clone Wars vai sorrir com isso, misturando a novidade com um certo grau de nostalgia.

Os dois personagens juntos, então, se tornam uma força tão grande quanto o próprio Mandaloriano e Grogu. Por mais que o segundo tenha conquistado por sua fofura, a pequena Leia é uma criança extremamente cheia de vida e pronta para discutir e ir contra os comandos do Jedi. O contraste é impressionante e em alguns momentos você torce para que isso dê certo cada vez mais. Pequeno spoiler, dá sim! E como isso ocorre é que se torna uma das maiores graças dos primeiros capítulos.

Os fantasmas do passado ressurgem

Porém, não são apenas os dois que merecem uma atenção por aqui. Moses Ingram, como a Inquisidora Reva, é uma força a ser reconhecida. Seu objetivo é caçar justamente o mestre de Darth Vader, para entregá-lo de mão beijada ao lorde sith e conquistar as graças do alto escalão. Indo contra tudo e todos, ela já demonstrou que não vai parar até ter o Jedi amarrado e partindo com ela em uma nave para o esconderijo do grande vilão de Star Wars.

A história, em relação a ela, se parece bastante com uma caçada de gato e rato. A diferença é que, aqui, o “gato” possui todos os recursos disponíveis e um ódio descabível de seu oponente. Você verá alguém indo até as últimas consequências para atingir o que deseja, se tornando uma grande ameaça apenas por sua força de vontade. Neste recurso, ela é implacável e com certeza se mostrará uma adversária digna do grande Obi-Wan Kenobi.

O ritmo começa lento, o que me fez compreender a razão de lançarem dois de forma simultânea. Considerando que a ação ocorre mais no segundo ato, faz sentido mostrar aos fãs que a saga continua firme e forte em suas convicções. Não é porque nosso herói está “aposentado” que as coisas ficarão mais calmas, não é? Minha única tristeza foi não ver Owen McGregor utilizando o seu sabre de luz, o que acho que será reservado apenas ao seu conflito direto contra o Darth Vader.

Falando nisso, eu tinha até me esquecido que ele não sabia que Anakin Skywalker ainda estava vivo. No resumo, mostram que ele abandona seu aprendiz para a morte nas chamas de Mustafar. Quando escuta de Reva que o personagem sobreviveu ao duelo e está atrás dele, o abalo é sentido até por quem não entende bem do significado disso em Star Wars. Quase bati palmas para a reação do ator, que mostra ali todo o peso de um senhor que tem todas suas convicções se voltando contra ele ao mesmo tempo.

Para saber mais detalhes, assista ao seriado. Não recomendo apenas por ser um fã incondicional de Star Wars, mas por entender o que isso significa para tanta gente e poder indicar sabendo que não se arrependerá disso. Independente da ordem que mais goste dos filmes, do quanto esteja envolvido nisso ou espere dela. Pelo que reparei, é a ponte necessária entre os Episódios III e IV, mostrando que há espaço para se contar boas histórias ao seu redor. Ponto para a Lucasfilm nisso.

Obi-Wan Kenobi será exibido todas as quartas-feiras através da Disney+. Veja mais em Críticas de Séries!