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Estamos A Um Passo do Medo

Documentário mostra como o medo, hoje, divide duas linhas: o do diferente, que fala através da violência. E o de ser diferente, que fala através do amor, em nome da liberdade.

Dirigido por Denys Urdiale, A Um Passo do Medo era para ser um documentário sobre a atmosfera de terror que respiramos nos últimos meses. Mas o resultado é uma representação delicada e profunda sobre a diversidade que representa o Brasil.

Mais que isso, o documentário ensina sobre liberdade.

Com foco central em dez pessoas que fazem parte do mundo LGBT, através de uma conversa íntima, são estendidas reflexões sobre racismo, xenofobia e classe social.

Dentre os personagens estão um negro gay capoeirista, uma nordestina bissexual, uma negra lésbica, um homem transexual, um gay branco e uma mulher transexual, que abrem as portas de suas vidas pessoais para mostrar o longo caminho de aceitação, aflições e transformações que culminaram na libertação. 

São histórias distintas que se cruzam em uma série de coincidências no processo de se aceitar e encontrar seu lugar de respeito em uma sociedade ainda tão preconceituosa.

A conversa aborda a interferência da igreja na descoberta da sexualidade, a violência sofrida quando se assumiram – e o acolhimento – , a homofobia cotidiana, a construção de uma família e, principalmente, de si mesmo.

Fragmentos de histórias e experiências  que deram origem à vidas que escolheram a liberdade. 

Uma produção tão oportuna e necessária nos dias de hoje.

Essas pessoas contam como geralmente já é difícil simplesmente existir em um país intolerante à diversidade, seja étnica, cultural, regional ou de gênero.

É uma luta constante poder amar e caminhar livremente nas ruas. Sem medo.

O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo: 1 a cada 19 horas – segundo o relatório Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade que levanta dados sobre assassinatos da população LGBT no Brasil há 38 anos.

Taxa de homicídios de negros cresceu 23% em 10 anos, no Brasil – a maior registrada desde 2006 – de acordo com o Atlas da Violência 2018.

No último ano, a intolerância ganhou nome. Personificaram o ódio. O preconceito e a intolerância agora são legitimados, porque existe um líder.

11 de outubro de 2018: Capoeirista Moa do Katendê foi assassinado a 12 facadas em um bar de Salvador, por se declarar contra Jair Bolsonaro.

3 de outubro de 2018: Um grupo de pessoas gritam no metrô da Sé, em São Paulo: “Ô bicharada, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar viado”.

17 de outubro de 2018: Transexual é morta a facadas no centro de São Paulo, durante a madrugada, aos gritos de “Bolsonaro presidente”.

Há quem veja esses índices apenas em portais de notícia. Há quem os veja de perto. Há quem termine o dia aliviado por não integrar uma estatística.

Se já tememos os intolerantes enquanto mulheres ou por determinado posicionamento político, são os LGBTs na linha de frente como alvo principal do ódio. Imagine os que ainda possuem mais características alvo do preconceito.

A Um Passo do Medo mostra que a felicidade de quem se libertou para viver como quer, atiça o ódio de quem prefere viver escondido nas sombras. 

O medo, hoje, divide duas linhas: o do diferente, que fala através da violência. E o de ser diferente, que fala através do amor, em nome da liberdade.

A luta é eterna.

“Se é pra gritar na rua, a gente grita. Se é pra amar na rua, a gente vai ter que amar” – Pryscylla Oliveira. 

“A pessoa que tem liberdade, consegue entender prisão. Mas, a pessoa que sempre foi presa, consegue produzir liberdade” – Neon Cunha. 

A Um Passo do Medo

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Leia também: A intolerância não deve ser tolerada

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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