A bipolaridade, o Gollum e o urso da foquinha – Crônica - Nerdizmo
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A bipolaridade, o Gollum e o urso da foquinha – Crônica

Não ative o monstro que vive em você

THE LORD OF THE RINGS FELLOWSHIP OF THE RINGS ELIJAH WOOD

O Senhor dos Anéis foi escrito por J. R.R. Tolkien, um britânico com uma mente genial que criou todos os segredos da fabulosa Terra Média. O Senhor dos Anéis foi produzido entre os anos de 1937 e 1949 tendo muitas partes sido imaginadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Entre todas as questões que a obra aborda, como lealdade, bem e o mal, poder, união, batalhas, membros da mitologia nórdica, como elfos, anões, orcs e magos a que mais me chamou atenção foi a bipolaridade do personagem Smeagol, cujo alter ego é o monstro Gollum (soluço em inglês).

A bipolaridade ou transtorno bipolar é definido como uma variação extrema de humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, munida a hiperatividade e a grande imaginação. E outra com grande depressão, inibição, lentidão para realizar ideias, tristeza e ansiedade. A metáfora entre a sedução que o anel tem sobre Smeagol é uma espécie de conflito interno com a sua própria identidade.

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Se formos trazer para a vida real. Muitas vezes agimos como o Gollum, em busca de um anel perdido que tem um significado abstrato. O poder do anel é como aquela névoa quente que assola a cabeça quando nos vemos perdidos ou corrompidos. Essa névoa tem o poder de nos transformar em uma mutação de nós mesmos, nos tornando egoístas em busca apenas do nosso próprio bem-estar. Nos esquecendo verdadeiramente quem somos.

Me identifico com o Gollum de alguma maneira. Da mesma maneira que me identifico com o urso da foquinha abaixo. Nunca fui diagnosticada com bipolaridade até porque acho que é um tipo de estado em que vive a grande maioria das pessoas. Principalmente as mulheres e os seus hormônios efusivos. Mas altos e baixos são experimentados por praticamente qualquer pessoa, e para ser mesmo um problema deve causar prejuízos significativos constantes para si mesmo e para os outros. O que não é o caso.

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A bipolaridade – quando ainda não é diagnosticada como uma doença – é o momento em que apenas olhamos para o nosso próprio umbigo e nos deixamos corromper pelos transtornos e desejos obscuros que assolam a nossa mente e esquecemos que há um mundo inteiro girando lá fora. Mesmo assim, a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB) estuda o problema com preocupação, já que entre 30% e 50% de brasileiros portadores de transtorno bipolar tentam suicídio. 

“Há um risco real de suicídio, principalmente nos estados mistos da bipolaridade, essa mistura dos sintomas de depressão com sintoma de exaltação do humor é a situação mais crítica do ponto de vista do suicídio. A depressão também oferece muito risco à vida do paciente”, conforme explicou a professora de psiquiatria da Universidade de Brasília Maria das Graças de Oliveira, à Agência Brasil.

De qualquer forma é importante lembrar que tipo de anel estamos buscando e para onde ele vai nos levar. Não sabemos exatamente o que Tolkien queria dizer com toda essa idealização do alter ego do Smegol, mas a mensagem que fica é: Não ative o Gollum que vive em você. É como se jogar diretamente ao abismo, my precious.

[infobox color=”light”]Dica: O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, que é o primeiro filme da trilogia, está disponível no Netflix.[/infobox]

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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