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Bel-Air – 1ª Temporada | Crítica: Um Maluco nos Remakes

Bel-Air

Eu não estava preparado para que Bel-Air tinha a me apresentar, vou ser bem sincero com vocês. A proposta inicial era ser um remake de Um Maluco no Pedaço, famosa sitcom dos anos 90 com Will Smith e que nos trouxe muitas memórias boas de sua vida em Los Angeles. Porém, a entrega foi muito além disso e posso afirmar, com todas as letras, que o novo seriado é uma experiência completamente inédita dentro da franquia.

Caros leitores, não me compreendam errado, os personagens e a atmosfera continuam a mesma coisa. Inclusive, o início da história sofreu pouquíssimas alterações para se manter o mais fiel possível a quem chegou pela nostalgia. Aos poucos ele vai te adaptando e criando um cenário novo, mostrando que tudo ali tem muito mais a entregar do que serem uma simples adaptação do que vimos no passado.

Confesso que os dois primeiros episódios eu achei uma verdadeira bagunça. Se seguram demais no que já conhecemos, não inovam em muita coisa e ouso dizer que te desafiam ao apresentar diversos núcleos e tramas ao mesmo tempo. É algo que pode impactar bastante os desavisados e acabar afastando quem foi ver de curioso. Ainda assim, continue assistindo. As coisas melhoram bastante e tudo vai se encaixar. Confia.

O príncipe de Bel-Air

Uma das coisas que mais me surpreenderam em Bel-Air nem foram a rivalidade e parceria entre Will e Carlton. Ou até mesmo a ansiedade de ver um criminoso assustador no encalço do nosso protagonista. O que encanta nela de verdade é o destaque a personagens delegados a tarefas completamente descartáveis no original. A mãe de Will, a tia Vivian, Hilary e até mesmo Geoffrey se engrandecem nesta nova narrativa e acabam tornando tudo mais interessante.

Isso destruirá a sua infância? Óbvio que não, mas que pergunta horrível que somos obrigados a ver na internet. A diferença é que estamos lidando com o mundo real e a vida destas figuras, o que exige uma abordagem distinta. Hillary, por exemplo, era viciada em compras e vista como uma patricinha. Se vimos algo em relação a ela no antigo, isso acaba se perdendo no meio da história principal. Aqui ela faz parte da brincadeira tanto quanto os demais também.

Eu elogio a direção e os roteiristas, que usaram isso para criar uma personagem pronta para falar com uma nova audiência. Uma cozinheira de mão cheia e uma influencer em ascensão, ela mostra como é a escalada ao sucesso deste nicho e como funcionam as coisas por trás das câmeras. Mais do que reintegrar estas figuras para a época atual, eles obtiveram sucesso em mostra-los em cenários que fazem parte do nosso cotidiano.

Os personagens foram adaptados para uma nova geração

Este tipo de conteúdo não se limita apenas à Hillary, com diversos outros recebendo uma grande atenção neste contexto. Devo elogiar também o ator Olly Sholotan pela sua atuação como Carlton. Antes apenas um alívio cômico e alguém que servia para mostrar o lado ridículo de Los Angeles, em Bel-Air ele agora serve para uma causa completamente diferente. Impactando com alguns debates mais intensos e que podem mostrar como foi a vida de um jovem negro que cresceu ali e teve de aceitar como as coisas funcionam. Sem lutar pelo que é certo, isso causou diversos problemas e a produção trabalha com esta realidade de forma intensa.

Esta mudança pode causar estranhamento inicialmente, porém ela funciona de forma muito bem orquestrada conforme você assiste aos episódios. É difícil pedir paciência a um público que tem diversas opções nas mãos hoje em dia, com diferentes plataformas de streaming disputando a sua atenção. Ainda assim, se em algum lugar em seu coração chama pelo swing clássico de Will Smith, ainda que seu personagem seja interpretado por Jabari Banks, pule sem medo que se divertirá do mesmo modo.

No início soará estranho, mas você vai gostar

O show do Will

A história ainda é centrada no drama de Will, que parte em direção de uma nova cidade para morar com seus tios após mexer com a pessoa errada. Ainda encontramos Jazz pelo caminho, vemos ele no time de basquete da nova escola e confrontando todo o sistema em favor do que acredita. Sem perder o gingado, o que ajuda bastante na evolução da narrativa.

Mergulhando totalmente no drama, o começo pode soar bastante estranho para quem espera dar uma ou duas risadas até o fim do episódio. Há humor nele, podem ficar tranquilos. Porém, não é o fator mais importante ali. Nesta mesma temporada, há capítulos que você não esboçará um sorriso sequer, tamanha a tensão que se encontra na telinha. Podia ser mais bem-humorado? Concordo, podia. Porém, não reclamo do resultado final.

Às vezes falta uma pitada de humor

O último capítulo de Bel-Air nos dá a sensação de que teremos muito mais a ser discutido e aprofundado na segunda temporada, mas ainda assim gostaria que esta primeira leva tivesse alguns episódios a mais para aproveitarmos essa mudança de ares. Assim como How I Met Your Father, por exemplo, temos apenas 10 e com um potencial imenso para vermos mais daquele universo que ficou tão bacana.

Entre o racismo, influencers, política, a vida da periferia em contraste com a mais alta classe, música, esportes, drogas e diversas outras discussões, está aqui um seriado que se destaca e que merece ser assistido. Seja pelo público mais antigo ou por quem esteja chegando agora, todos tem espaço para curtir a jornada da família Banks e aproveitar ao máximo o que eles têm a nos passar.

Todos os episódios de Bel-Air estão disponíveis para assistir na plataforma Star+. Veja mais sobre Críticas de Séries!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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