Adão Negro | Crítica: Entre o clichê e o épico - Nerdizmo
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Adão Negro | Crítica: Entre o clichê e o épico

Adão Negro

Após anos esfriando Adão Negro e o The Rock na geladeira, o filme finalmente chegou aos cinemas com a proposta de trazer um dos maiores vilões de Shazam aos holofotes. À primeira vista, dá para notar um grande esforço da DC e da Warner de integrar o personagem em seu universo já formado, criando uma familiaridade com os demais projetos da editora.

Porém, para ser bem sincero com vocês, o clima dele na verdade destoa tanto dos outros que você até se esquece que há muita coisa a mais nesta realidade. Para terem uma ideia, ele está muito mais próximo dos filmes de equipe do que das aventuras solo que vimos, o que não é nem de longe uma má ideia.

Vamos combinar, o personagem não é ruim, mas também não seguraria toda a trama sozinho. Afinal de contas, com apenas uns raios aqui e uma corrida ali ele resolveria tranquilamente a situação antes mesmo dela começar. Com algumas baixas? Sim, óbvio. Só que não de uma forma que entretece o público.

Adão Negro e seus amigos…ou quase isso

É aí que vimos os co-protagonistas de Adão Negro, a Sociedade da Justiça. Falcão Negro, Senhor Destino, Ciclone e o Esmaga-Átomos tem tanto destaque quanto o personagem central da trama e elevam a aventura para algo mais próximo de algo que poderá dar frutos em um futuro breve do DCEU.

Ainda assim, o foco não é alterado do verdadeiro protagonista da aventura. Teth-Adam tem a sua personalidade elevada ao extremo com The Rock, mostrando que não é apenas marra que ele carrega consigo – mas também bastante atitude. Antes mesmo de você piscar, ele já matou uns bandidos, mandou outros pelos ares e está fazendo de tudo para eliminar as ameaças que o cercam. Sem ao menos pestanejar.

Vi nisso um fator bem positivo, já que eleva as cenas ao polo completamente distinto do que já experimentamos antes e mostra que o universo DC continua sombrio como sempre. Claro que vimos atrocidades também em Esquadrão Suicida, Deadpool e outros longas, mas aqui ele deixa bem claro que aceita o fardo de vilão sem problema algum e não fará absolutamente nada para se transformar em um herói.

A Sociedade da Justiça é bem acrescida, mas falta aprofundamento

Os efeitos visuais também são fantásticos e promovem bastante o material que o diretor Jaume Collet-Serra trabalhou para deixar o público encantado. Entre momentos que parecem ter saído diretamente da saga Zack Snyder e um olhar próprio do profissional em Adão Negro, temos um verdadeiro espetáculo e algo que faça jus à presença do personagem ali. Em todas você encontrará algo bacana, sem exceções.

Outros que se destacam ali são Ciclone e o Senhor Destino, cujas habilidades também aproveitam bastante do CGI e mostram cenas que mereciam estar no papel de parede de alguns fãs que farão da obra. Neste ponto dá para perceber que o investimento foi bem alto e que a Warner valorizou bastante os esforços de The Rock e de Jaume para recriar a cidade onde a aventura acontece e suas batalhas de uma forma incrível.

O filme é muito bom nos aspectos técnicos

Tropeços do DCEU continuam

Ainda assim, o filme tropeça em alguns problemas que vão incomodar bastante quem já está calejado de tantas obras de super-heróis que existem. Primeiro, os clichês saídos diretamente dos anos 2000 e que preenchem TODO o longa são bem chatos de engolir. A história não é afetada por isso, mas os diálogos sofrem bastante.

O próprio Adão Negro tem poucas palavras, o que o tira deste cálculo. Porém todos os demais personagens estão munidos em 100% do tempo com frases de efeito que mostram suas virtudes e defeitos. Poderia citar várias, mas assista que entenderá sobre o que estou falando. Parece que nenhum deles respira um pouco e diz algo normal, sempre são bordões que representam sua personalidade e ideais ali.

Isso sem falarmos que este espírito de “filme de equipe” cai no mesmo problema que vimos já em diversos outros, inclusive em Esquadrão Suicida (o primeiro, de 2016). Todos eles são apresentados ali e suas vidas correm risco como se devêssemos nos importar com isto. Um exemplo bem colocado disso é a amizade do Senhor Destino com Falcão Negro.

O Adão Negro poderia matar qualquer um deles que não importaria

Você compreende que são bons amigos, mas a profundidade disto atinge a margem do zero. O roteiro fala que eles se importam um com o outro, os atores demonstram isso, mas para você não fará diferença alguma se um dos personagens falecer ou nunca mais aparecer ali.

Até mesmo a inclusão de outras personalidades do universo DC destoam daquilo que propuseram inicialmente. Não darei spoilers das cenas pós-créditos, quais já devem até saber, mas não quero estragar a experiência de geral. Porém, a agente Harcourt, de O Esquadrão Suicida e Pacificador volta como se fosse uma personagem completamente diferente daquilo que vimos no passado. Entendemos que passou o tempo, mas alguns preceitos que estas figuras carregam são bem distintos de uma obra para outra.

Não me entendam errado, Adão Negro não é um filme ruim. Assim como não é a maior obra do DCEU até os dias atuais. Ele é um longa divertido e que vai te entreter o suficiente para compreender a história do personagem e compreender suas motivações. Ponto. A Sociedade da Justiça também é bem-representada, entrando com o pé direito nestas aventuras. O restante duramente se salva, ainda com suas ressalvas. Por fim, vale a pena pela pipoca e para lembrar dos bons tempos dos filmes que víamos na década de 00.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Alexandre Figueiredo
Alexandre Figueiredo
1 ano atrás

Efeitos visuais maravilhosos e uma história desinteressante.