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A história real de O Irlandês, de Martin Scorsese

Fatos sobre o novo épico da máfia de Scorsese

O Irlandês é um épico da máfia. Não teria como dar errado uma reunião entre o diretor Martin Scorsese e Robert De Niro, Al Pacino e Jon Pesci como personagens centrais de uma história baseada em eventos reais do submundo mafioso da Filadélfia da década de 70.

Escrito por Steven Zaillian (A Lista de Schindler), o roteiro é baseado no livro I Heard You Paint Houses do ex-investigador de homicídios Charles Brandt, com o qual Frank Sheeran contribuiu, já no fim da vida, relatando sua versão sobre as alianças conflitantes e conexões criminosas.

O Irlandês é uma narrativa sobre a ascensão ao poder na máfia. Uma contemplação à moralidade.

A fórmula de Scorsese ainda funciona depois de décadas e eu ouso dizer que este pode ser, de fato, um dos melhores filmes da década.

A história centrada e narrada pelo protagonista, um personagem ambivalente e leal à sociedade criminosa, faz com que a verdade seja constantemente questionável. Portanto, confira fatos sobre alguns dos personagens do filme.

Jimmy Hoffa (Al Pacino)

Hoffa foi um dos líderes do partido trabalhista mais poderosos dos EUA. De 1957 a 1971, ele foi presidente do Teamsters, um sindicato dos caminhoneiros ligado ao crime organizado que Hoffa ajudou a se tornar o maior do país.

Tais conexões criminosas levaram à investigação mais longa da história dos EUA. Robert Kennedy iniciou uma investigação sobre Hoffa e outros líderes do Teamsters em 1957 – para ele, era uma questão de honra condená-los.

“A União do Teamsters é a instituição mais poderosa do país – além do próprio governo dos Estados Unidos. Como é operado pelo Sr. James R. Hoffa, se trata de uma conspiração do mal”, ele escreveu certa vez.

Quando Robert se tornou procurador-geral em 1961, sob o comando de seu irmão Jon F. Kennedy, ele avançou ainda mais na investigação, chegando a criar um departamento de justiça “Get Hoffa Squad”.

Eventualmente, Hoffa foi sentenciado a 13 anos de prisão federal por acusações de fraude e adulteração de júri. No final de 1971, o presidente Nixon mudou a sentença do criminoso sob a condição de “não se envolver na administração direta ou indireta de nenhuma organização trabalhista”.

Hoffa estava se empenhando para reconquistar o controle do seu antigo sindicato quando desapareceu em 1975. Ele foi declarado morto oficialmente em 1982, embora seu corpo nunca tenha sido encontrado. Seu filho, James P. Hoffa, assumiu o lugar do pai, atuando como o presidente do Teamsters a partir de 1999.

Russel Bufalino (Jon Pesci)

O verdadeiro Bufalino era um líder silencioso de uma família criminosa do nordeste da Pensilvânia, a qual ele governou de 1959 a 1989. Ele também era um líder poderoso do Teamters, e tinha forte influência na sociedade criminosa La Cosa Nostra.

Também conhecido como “The Old Man” pelos companheiros, ele era primo de William Bufalino, advogado de longa data de Jimmy Hoffa. E estava por trás de alguns dos assassinatos mais explosivos da máfia naquela época. Há relatos de que ele inclusive foi recrutado pela CIA para espionar Cuba, tamanha sua habilidade em agir discretamente.

Frank Sheeran, O Irlandês (Robert De Niro)

Líder dos Teamsters e um dos assassinos da máfia mais prolíficos de todos os tempos. Ele cometeu cerca de 30 assassinatos, inclusive de colegas do sindicato, e vários outros crimes ao longo da vida, como retratado no filme.

O governo dos EUA nomeou o mafioso como um dos dois únicos não italianos que conspiraram com a Comissão da La Cosa Nostra. No fim da vida, ele confessou ao investigador Charles Brandt ter matado o líder do Teamsters, Jimmy Hoffa, em 1975.

As alegações de que ele matou Hoffa e Joey Gallo foram contestadas. Mas o ex-médico legista Dr. Michael Baden, escreveu: “A confissão de Sheeran de que matou Hoffa da maneira descrita no livro é apoiada por evidências forenses: é totalmente crível e resolve o mistério de Hoffa”.

Anthony Provenzano (Stephen Graham)

Também conhecido como “Tony Pro”, foi vice-presidente do sindicato e capo de uma família mafiosa. Ele era conhecido por táticas agressivas, e vários de seus inimigos e rivais desapareceram ou foram assassinatos ao longo dos anos, principalmente Jimmy Hoffa, que sumiu à caminho de uma reunião com ele.

Tony nunca foi condenado pela morte de Hoffa, embora tenha sido condenado por outro assassinato em 1978, quando pagou um agente da máfia para matar um rival dos Teamsters, quase duas décadas antes.

Na mesma época, foi condenado por dois casos de extorsão. Ele cumpria uma sentença de 20 anos de prisão na Califórnia quando morreu, em 1988.

William Bufalino (Ray Romano)

William Bufalino à esquerda, ao lado de Jimmy Hoffa, saindo do tribunal federal

No primeiro ato do filme, o advogado desempenha um papel importante, impedindo que Frank Sheeran fosse condenado por roubo. Ele realmente representou os Teamsters e o líder Jimmy Hoffa durante os anos 50 e 60 – foi ao tribunal sete vezes em nome da máfia e venceu todas elas, exceto em dois casos.

Ao longo da vida, Bufalino negou qualquer ligação criminosa ou ter defendido membros da máfia. Ele inclusive entrou com processos sem êxitos contra Robert Kennedy e o senador John McClellan por supostamente prejudicarem sua reputação. Bufalino morreu na Flórida em 1990, aos 72 anos.


Assista ao O Irlandês na Netflix.


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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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