Arte

As obscuras e surrealistas capas de álbuns criadas por H.R. Giger

As capas de álbuns criadas por H.R. Giger provocam, chocam e já foram alvo e polêmica e um processo por obscenidade. Muito antes do filme Alien, o artista suíço que criou um gênero próprio com suas pinturas obscuras e surrealistas já levava seu conceito aos álbuns de bandas de rock.

As visões sombrias de Giger deram origem a um estilo único que ele batizou de biomecânico. Humanoides, órgãos sexuais e imagens blasfemas eram alguns dos elementos característicos do artista que estavam por toda parte na década de 1960: em cartazes populares, capas de álbuns de música e livros.

Foi uma pintura do livro Necronomicon de Giger, lançado em 1977, que convenceu o diretor Ridley Scott de que o artista era perfeito para trabalhar em seu projeto cinematográfico. Foi através do filme Alien, lançado em 1979, que Giger se tornou uma figura cult global.

Embora o artista fosse um fã de jazz, ele desenvolveu artes para capas que conversavam perfeitamente com o conceito sonoro de bandas de heavy metal, rock progressivo e punk.

“O trabalho de H.R. Giger é imensamente poderoso. A incrível capa de Giger para o álbum Brain Salad Surgery de Emerson, Lake and Palmer retrata um toque gótico que pode se encaixar em qualquer banda de heavy metal a qualquer momento”, já disse Jimmy Page.

A primeira arte de capa desenvolvida por Giger foi para o álbum Walpurgis, lançado em 1969, pela banda de “proto-metal” chamada The Shivers.

Em 1973, ele criou uma arte para o álbum Brain Salad Surgery da banda Emerson, Lake and Palmer. O nome do álbum e a ilustração da capa formaram uma harmonia impressionante.

Pouco tempo depois do lançamento do filme Alien, a cantora Debbie Harry, da banda de new wave Blondie, pediu ao artista que participasse da produção artística de seu álbum solo KooKoo, lançado em 1981.

A partir daí, Giger criou capas para bandas como Celtic Frost, Danzig e Carcass. O toque surrealista nas cenas mecânicas e biológicas, geralmente com tons sexuais distorcidos eram inconfundíveis.

Naquela época, as bandas prezavam por artes em seus LPs e CDs, que vinham com encartes que os fãs podiam folhear enquanto ouviam os álbuns. Uma experiência totalmente diferente da que temos hoje com a música e que, com as artes de Giger, certamente era algo muito mais intenso.  

Os integrantes da banda punk Dead Kennedys até foram levados à justiça, acusados de “distribuir pornografia a menores de idade”, devido a capa do LP “Frankenchrist”, que reproduzia o quadro “Paisagem do Pênis” (“Landscape #XX) projetado por Giger. A imagem mostrava fileiras de pênis eretos.

O artista também chegou a criar alguns modelos de pedestal para microfones, encomendados por Jonathan Davis, vocalista da banda Korn.

No entanto, a participação do artista no mundo da música nem sempre foi respeitosa.

“Muitas bandas pequenas ao longo dos anos, presumivelmente fãs meus, se apropriaram da minha arte para suas capas de álbuns e CDs sem obter minha permissão”, ele já escreveu em seu site.

“Dos aproximadamente 20 registros em que minhas obras de arte foram vistas nos últimos 30 anos”, apenas alguns deles foram pedidos diretamente a ele, disse Giger.

Se hoje as obras de H.R. Giger ainda despertam curiosidade, fascínio, provocam e podem ser consideradas obscenas ou blasfemas, imagine para a década de 1960 ter uma arte como a dele cada vez mais popular, confrontando a frágil moralidade dos bons costumes e que provocava os valores de cristãos e da igreja católica, salientando suas hipocrisias.

Veja alguns exemplos disso abaixo.

As obscuras e surrealistas capas de álbuns criadas por H.R. Giger

Emerson, Lake & Palmer – Brain Salad Surgery

Celtic Frost – To Mega Therion

Danzig – Danzig III: How the Gods Kill

Carcass – Heartwork

Magma – Attahk

Dr. Death – Somewhere in Nowhere

Debbie Harry – KooKoo

Atrocity – Hallucinations

The Shiver – Walpurgis

Sacrosanct – Recesses for the Depraved

Steve Stevens – Atomic Playboys

No Sense – Out of Reality

Debbie Harry – The Jam was Moving

Emerson, Lake & Palmer – Then & Now


Leia também: A ciência como inspiração de capas de álbuns | Idosos recriam capas de álbuns em quarentena | Mulheres são removidas de suas próprias capas de álbuns no Irã

Raquel Rapini

Jornalista movida pela curiosidade de saber mais sobre qualquer assunto. Escreve sobre arte, cultura, games e assuntos gerais relacionados às ciências, sociedade e mundo geek.

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