Arte

A tatuadora de 102 anos que mantém viva a tatuagem tradicional filipina

Aos 102 anos, Whang-Od Oggay mantém viva a tatuagem tradicional filipina em Kalinga, província das Filipinas. Ela é a mais velha mambabatok, como são chamados os tatuadores tradicionais de sua tribo.

Todo dia ela acorda cedo para preparar a mistura de carvão e água para aplicar tatuagens feitas à mão, traçadas ponto a ponto nos corpos de pessoas do mundo todo.

Whang-Od aplicando tatuagem tradicional filipina

A jornada é longa para quem pretende marcar na pele as habilidades de Whang. É preciso fazer uma viagem de 15 horas ao norte de Manila para chegar até a aldeia montanhosa de Buscalan, e depois fazer uma caminhada de 1 km a pé entre a floresta para chegar até a vila onde ela mora.

Além da recompensa de ter uma arte única na pele, quem chega lá procurando por ela também ganha uma hospedagem na casa da própria tatuadora.

Whang conta que, no começo, aplicava tatuagens em troca de animais ou objetos. Depois que o dinheiro passou a ser utilizado na tribo, a arte virou sua fonte de renda para comprar alimentos.

A tinta artesanal é aplicada na pele com instrumentos rústicos: a agulha é um espinho de árvore de pomelo acoplada em uma vara de bambu.

Os desenhos variam de linhas e formas, estampas tribais e animais. Cada um carrega consigo significados como força, beleza e fertilidade.

Segundo a tradição da tribo Butbut, é a mambabatok quem escolhe o desenho a ser feito, e não quem quer ser tatuado.

A arte da tatuagem tradicional ‘hand-taped’ começou com os guerreiros indígenas. Para eles, ser tatuado tinha um significado específico. Os homens apenas tinham os desenhos aplicados na pele depois de matar alguém.

Para as mulheres, as tatuagens ressaltam a força e beleza, além de marcarem a passagem do tempo. Alguns desenhos só podem ser feitos após atingir certa idade.  

Whang-Od lembra que o interesse pela tatuagem começou quando era jovem. “Muitas das minhas amigas tinham tatuagens, e eu achava que precisava ter também para ser parte do grupo”, diz.

Ela deu um passo além, e também quis aprender como marcar a arte na pele. Aos 15 anos, seu pai começou a ensiná-la a tatuar.

Whang rompeu uma barreira de sua época: até então, apenas os homens eram autorizados a tatuar. Hoje é ela quem carrega com orgulho a responsabilidade de manter a tradição mambabatok viva.

E manter a tradição têm seus desafios. A cultura kalinga acredita que esta arte apenas pode ser repassada para parentes de sangue.

Caso contrário, as tatuagens “estarão infectadas”. Whang-Od não tem filhos, mas treinou a bisneta de sua irmã para levar seu legado adiante.

A imagem de uma mulher fascinante, cujo corpo estampado em arte tradicional marca uma história de vida dedicada à tatuagem, não precisava de palavras. Mas Whang-Od declara:

“Quero viver por mais 100 anos, e nunca parar de tatuar”.

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Raquel Rapini

Jornalista movida pela curiosidade de saber mais sobre qualquer assunto. Escreve sobre arte, cultura, games e assuntos gerais relacionados às ciências, sociedade e mundo geek.

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