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True Detective – 2a Temporada – Crítica

Não é exagero dizer que esta temporada de True Detective estava fadada à inúmeras críticas.

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Não é exagero dizer que esta temporada de True Detective estava fadada à inúmeras críticas. Viver a sombra da primeira temporada, que assustou e surpreendeu público e críticos, teve seu peso para que qualquer probleminha causasse um eco enorme, em um efeito Matrix (a queda na popularidade dos Wachowski, e seus “fracassos” após o filme), o fato de não chegar ao patamar esperado é motivo para ela ser péssima, mas nem tudo é 8 ou 80.

O Noir e o Pessimismo

A trama deixou o horror para trazer um clima mais noir nessa nova história. Durante os oito episódios, vimos uma grande conspiração policial e política se construir, colocando os personagens acuados em um canto, pequenos diante de tantas conexões a serem quebradas para a vitória acontecer. Todo episódio trazia novas pistas, novas faces inimigas, e assim a série acabou se desenrolando de forma mais lenta do que o visto anteriormente. E nem por isso a qualidade ficou ruim. Embora haja uma queda real no nível dos diálogos, eles continuam sendo ótimos em diversos momentos, com um aspecto filosófico próximo do que vimos em Rust Cohle no passado, embora mais sutil.

O pessimismo, tão presente no passado, continua aqui, embora de formas um pouco diferentes. Saem os monólogos de Rust e entram as inúmeras músicas da jovem cantora de um bar, recheadas de frases melancólicas que não só ditavam o ritmo e tom das cenas, como também falavam pelos personagens (sua primeira, “This is my least favourite life”, resume todos os personagens). E se na temporada passada a luz venceu, aqui foi muito mais difícil. O desfecho acaba com um brilho muito pequeno na escuridão que tomou conta da trama, acabando com personagens e erguendo vilões ao poder. Os personagens entraram em uma luta que sabiam que não seria vencida por todos, que teriam quedas, e quase todos escolheram o caminho que lhes traria um fim sabendo bem disso. No fim, praticamente todos conseguiram o mundo que mereciam.

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True Detective e o Excesso

Ninguém está livre de defeitos na série. Ninguém é santo, limpo e totalmente moral. Velcoro (Colin Farrell), Bezzerides (Rachel McAdams), Woodrugh (Taylor Kitsch) e Frank (Vince Vaughn) são pessoas cheias de defeitos e camadas, cada um com sua própria história e conclusão. Infelizmente, o número maior de personagens acabou diminuindo a qualidade da construção de todos, principalmente no final, quando alguns acabaram sofrendo por seus desfechos simples demais (a própria Bezzerides sofreu bastante com isso), mas ainda houve um brilho para alguns. Frank e Woodrugh tiveram uma construção ótima até o seu final, especialmente o primeiro, que acabou se mostrando o personagem mais bem desenvolvido da temporada, sendo completo, sombrio e coeso. E as atuações mantiveram um alto nível, especialmente com Vince Vaughn, bem distante do que vemos em suas comédias. Suas cenas funcionavam muito bem, especialmente quando se juntava a Kelly Reilly (Jordan), onde tínhamos os diálogos mais profundos, que mostravam mais da psique de Frank.

No que tivemos de qualidade entre os quatro protagonistas, faltou para os coadjuvantes, que vieram em alto número aqui. Diversos personagens acabaram aparecendo muito pouco para se tornarem relevantes à trama, dando a impressão de que tirá-los acabaria dando mais espaço para um desenvolvimento melhor da história. Toda a relação de Bezzerides com sua família não é muito explorada, especialmente com o pai, e toda a inserção de Pitlor (Rick Springfield) no desfecho da história foi fraca. Tramas policiais complexas tendem a ter mais personagens e desdobramentos, mas houve um exagero claro nesta temporada.

Com isso, o final acabou vindo rápido demais. O último episódio teve inúmeras revelações que passavam rapidamente pela tela, em um desespero de ligar tantos personagens e ainda criar momentos de ação e desfechos para os protagonistas. Excessos que se acumularam e comprometeram o que poderia ser uma história muito mais profunda.

True Detective teve sua queda de qualidade na temporada, mas não se pode dizer que ela foi ruim. Várias das boas qualidades do passado estão ali. Houve uma falta de criatividade, mais por parte da produção e roteiristas, mas ainda assim a série saiu com seus acertos. Ficou na sombra da 1ª temporada? Sim, mas nem por isso ficou ruim.

3estrelas

true-detective-críticaTrue Detective

Criador: Nic Pizzolatto

Roteiro: Nic Pizzolatto e Scott Lasser

Duração: 60 minutos

Elenco: Colin FarrellRachel McAdamsTaylor KitschVince Vaughn

Autor: Guilherme Souza

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

Categorias:
Críticas
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