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Entrevista: Trails and Ways, banda dos EUA que toca bossa nova

“A música brasileira foi a visão de um mundo estrangeiro lindo, uma utopia”

TRAILS-AND-WAYS

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Trails and Ways é uma banda formada em Oakland, nos Estados Unidos, que mistura a bossa bova e o indie pop. Juntos desde 2012, o quarteto formado por dois homens e duas mulheres – onde todos cantam e tocam – cruza as fronteiras das línguas usando o Espanhol, o Português e o Inglês em suas composições.

A banda se conheceu na Universidade de Berkeley e, depois de formados, as vocalistas Emma Oppen e Keith Brower se mudaram para a Espanha e para o Brasil, respectivamente. Ambas aprenderam mais sobre o novo território, se aprofundaram nas línguas e estudaram mais sobre instrumentos de corda e percussão. Depois de um tempo no exterior, elas voltaram para casa com uma nova visão de mundo e com vontade de misturar o calor brasileiro, ao pop latino e as arestas do indie rock.

Com alguns covers realmente geniais, como uma versão de “Lost”, do cantor Frank Ocean, Trails and Ways acaba de disponibilizar uma regravação de Taj Mahal, do Jorge Ben Jor, cantada em inglês. Ouça abaixo.

Conversamos com a vocalista Keith Brower por e-mail, confira o que ela acha do Brasil e como surgiu essa mistura entre a bossa nova e o rock’n’roll.

Trails and Ways

Geekness – Como e quando nasceu Trails and Ways?

Keith Brower – Nos encontramos originalmente na Universidade de Berkeley, nas casas cooperativas. Depois da Universidade, eu morei no Brasil e Emma na Espanha, nos reencontramos no começo de 2012 em Oakland e começamos a gravar e apresentar shows por aqui.

Como surgiu essa mistura entre a bossa nova e o indie rock?

Quando era criança em Portland, meus pais sempre tocaram muito bossa e MPB (especialmente Milton Nascimento). A música brasileira foi para mim a visão de um mundo estrangeiro lindo, quase uma utopia. Morei em Fortaleza em 2010 e estudei como tocar cuica e violão no samba e na bossa nova. Neste tempo, comecei escrever música com ideias brasileiras misturadas ao estilo de música da minha comunidade nos EUA.

Aproveitou bastante as praias brasileiras?

Estive no Brasil fazendo uma pesquisa sobre os impatos sociais dos grandes parques eólicos nas comunidades na costa da Ceará. Entre as entrevistas e os caminhos longos de ônibus pelo sertão, nadei quase todos os dia neste mar. Depois uma tragédia pessoal, essas águas me ensinaram a confiar no mar de novo. 🙂

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Vocês quatro são trilingues?

Não exatamente. Eu falo português, alemão e um espanhol ruim, Emma e Ian falam espanhol, Hannah japonês. A “decisão” para unir as línguas não foi complicada; quando começamos a banda, Emma e eu tínhamos escrito canções nas três línguas, com relatos sobre os limites de expressão nessas três línguas, e a perda e o reencontro da identidade quando moramos em um país longe do nosso.

Quais são as principais referências? Algum nome da bossa nova em especial?

João Gilberto tocando Tom Jobim foi quem me ensinou todas minhas primeiras canções brasileiras para o violão. Além deles, Marcos Valle, Jorge Ben, Tom Zé são algumas das nossas inspirações.

A versão que vocês fizeram para Lost, do Frank Ocean, ficou melhor que a original. Eu não consigo mais parar de ouvi-la. O que vocês tem a dizer sobre isso? Existe uma cura?

Muito obrigado, mas não posso concordar que é melhor. Não sei uma cura exatamente, mas estamos trabalhando nas muitas drogas alternativas. 🙂

Por favor, sinta-se à vontade para deixar algum recado.

Só quero dizer é um honra aprender sobre a música brasileira e estamos gratos pelas boas-vindas e pelo apoio de muitos brasileir@s.

Ouça mais Trails and Wails

Saiba mais novidades sobre a banda no Facebook e no site oficial.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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