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Ms.Marvel – Episódio 4 | Crítica: De volta às raízes

Ms.Marvel

Entrando na sua reta final, Ms.Marvel mostra que ainda pode surpreender o público e decide mudar de vez os ares de sua trama. Em busca de descobrir mais sobre seu bracelete e o passado de sua linhagem, ela viaja para o Paquistão em busca de respostas para as maiores questões da série. O que, para muitos, pode ser um desvio da aventura heroica que estava rolando até aqui, na verdade é um necessário mergulho total na cultura que ela está inserida.

E não digo um simples pulo, mas a Marvel Studios tomou o rumo de colocá-la de vez dentro do seu contexto. Isso, para mim, só é comparado ao que foi feito anteriormente em Pantera Negra. E já adianto para vocês, chega até a ser engraçado como eles tratam a jovem Kamala. Apesar de considerarmos ela “diferente” dos ocidentais, mostram ali que a garota na verdade fincou os pés no meio-termo. Sob o olhar deles, também dá para notar que há disparidades do que convivem.

Talvez devamos ver isso como uma dura realidade do povo paquistanês que vive hoje em nossos costumes. São culturas completamente distintas e, conforme avançam as gerações, começam a se misturar cada vez mais. Logo, geram o que vemos com a protagonista: ela segue as normas de sua religião e de sua cultura, mas também carrega muito consigo do traço ocidental para ser vista como uma igual por quem está por lá. Isso poderia ser algo segregador, mas o estúdio decidiu repensar e abraçou a ideia para nos mostrar algo mais acolhedor. Tanto para ela quanto para nós.

O mergulho na cultura paquistanesa é ainda maior

A trajetória da Ms.Marvel

O episódio desta semana de Ms.Marvel resolveu que traria um mundo completamente diferente para a protagonista. Em um país diferente e ao lado de sua família, ela passa a ir atrás do seu passado para compreender o que significa para o futuro. Para mostrar isso, muitas coisas aconteceram e dão uma sacudida de leve na fórmula que já estamos cansados de conhecer.

Sem contar com Bruno e Nakia nesta semana, tivemos a participação de outro super-herói para fazer o papel de aliado de nossa pequena Kamala. Neste caso é o jovem Adaga Vermelha, qual já tinha sido anunciado previamente. Kareem, seu nome real, é extremamente carismático e consegue fazer o seu papel com maestria e sensibilidade. E a parte mais bacana, com o perdão para os fanfiqueiros, é que não há um traço só de romance em sua relação com a heroína.

Adaga Vermelha é um grande aliado de Kamala Khan

Os dois se tratam na mais pura amizade e nos tira um pouco do sufoco que ela vivia entre Bruno e Kamran. Além de servir como um companheiro de sua viagem, seu papel também vai um pouco além e revela algumas respostas de tudo que ela tem se perguntado desde o momento que ganhou os braceletes. Afinal de contas, esse era o seu objetivo de verdade com a viagem. E ouso dizer que finalmente dá para entender um pouco do caminho que estão tomando ao tirar o fator “Inumanos” da personagem.

Temos algumas cenas de ação também, quais são necessárias em qualquer produção de super-heróis. Confesso que, disso, não gostei tanto assim. Até o último capítulo, Ms.Marvel mal sabia lutar e usava seus poderes para a defesa apenas. Ela desferiu UM soco e até elogiei esta condição na crítica da semana passada. Porém, neste ela já encara outros desafios e parece estar em par de igualdade, ainda que inexperiente. Achei fora da proposta, mas vida que segue.

Subitamente ela aprende a lutar melhor…

A família

Outro tema que o episódio aborda com muita naturalidade são as questões familiares. Assim como Kamala tem problemas com a mãe, a mulher também não se dá tão bem assim com a “Nani”. Há discussões, conflitos de ideias e uma cena que arranca uma risada, mas te faz pensar o quanto somos duros com as pessoas mais próximas de nós. Nenhuma família é perfeita, mas precisa ser?

Esta sensibilidade toda consegue dar uma base que não vi em nenhuma outra produção heroica, do quanto estas pessoas têm importância dentro da história. E isto não tira nenhum ponto do que conquistaram, na verdade é até bonito ver que há um mundo real por trás das máscaras e poderes. Vidas, culturas, mentalidade e sonhos que se entrelaçam e enriquecem a história.

Admito que é justamente nisto que Ms.Marvel está me ganhando. E daí que é uma trama teen? Creio ser uma excelente oportunidade de vermos mais destes personagens sem a megalomania de aliens, organizações maléficas e dos grandiosos crossovers. Sabem aqueles momentos mais profundos entre o Gavião Arqueiro e Kate Bishop, por exemplo? É neste ponto que eles focaram e tem dado muito certo.

A fórmula está lá, mas alteraram a essência para o melhor

Existem as lutas, a questão da dimensão alternativa e a jornada do herói aqui. Referências aparecem o tempo todo também. Porém, a saga de Kamala Khan é bem maior que isso. É sobre pessoas e este capítulo é um aceno para quem ainda não entendeu: estamos vendo uma série que quer abordar suas vidas. E ouso dizer que acredito fielmente que devia ser o caminho que deviam percorrer daqui em diante, ao menos nos seriados.

Faltam apenas dois episódios para vermos o fim disto e ainda restam muitas questões. Como seu caminho se interligará com a Capitã Marvel acredito ser a maior de todas. Enquanto não mostram para onde ela irá, o mergulho em sua cultura e família deu um ar mais nobre e mostrou o quanto podemos ver boas histórias dentro deste universo. Estou ansioso para o que vem a seguir, independente do que seja.

Os episódios de Ms.Marvel estão sendo disponibilizados todas as quartas-feiras a partir das 5h, através da Disney+ . Veja mais Críticas de Séries!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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