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Halo – Episódio 4 | Crítica: A Revolução

Halo

Com todas as peças de Halo alinhadas, chegou a vez de dar um novo gás na trama e a Paramount+ soube muito bem como conduzi-la. Neste quarto episódio podemos ver Master Chief redescobrindo os segredos do seu passado em Eridanus II, o planeta onde viveu durante a infância. Entre memórias e uma bela reconstrução visual criada por Cortana, ele tenta mapear onde está a segunda parte do artefato que mudará os rumos da guerra.

Porém, este nem é o maior destaque deste capítulo. Diria que é a evolução natural do que já vimos. O herói está cada vez menos suscetível às ordens da UNSC e é visível o quanto isso incomoda a Dra.Halsey. Mesmo com ele ainda se movendo conforme a sua vontade, a relação entre os dois fica ainda mais abalada com essa percepção. E não é apenas ele que tem um desenvolvimento maior por aqui.

As cenas mais longas tiveram o seu foco em Kwan Ha, retornando à Madrigal para reunir os revolucionários mais uma vez. O que ela encontra por lá é algo totalmente diferente do que esperava e, agora, terá de lidar com as consequências de ter voltado ao seu lar. Enquanto isso, dentro da base militar da UNSC, a Spartan Kai 125 replica o experimento que viu Master Chief fazer e retira o seu chip supressor de emoções. Digamos que, a partir disso, as coisas ficam bem mais interessantes.

Master Chief vai buscar mais informações de seu passado

Uma verdadeira revolução em Halo

Um dos pontos mais abordados durante este episódio de Halo é a revolução. E isso não vale apenas para Madrigal, onde Kwan Ha tenta continuar aquilo que seu pai tinha começado. A produção conseguiu trabalhar isso de uma forma mais modesta, nas entrelinhas da ação que vimos em tela. A palavra “revolução” significa “transformar profundamente” de acordo com o Dicionário Aurélio. E é isso que eles têm trabalhado conforme estamos assistindo o seriado.

A própria Kwan Ha, por exemplo, deixou o seu planeta em pleno ataque Covenant. Lá existia uma revolta contra a UNSC e o suposto líder, qual seu grupo renegava veemente. Porém, ao retornar, as coisas mudaram de forma abrupta. Além dos generais de seu pai não estarem mais com vontade alguma de lutar, ninguém está questionando as coisas erradas que estão acontecendo. E pior, agora estava sendo caçada para eliminar de uma vez por todas a fagulha de um possível retorno da oposição.

Já Kai 125 está experimentando de forma diferente a retirada do chip que suprimia seus sentimentos. Enquanto Master Chief se distancia ainda mais da organização e causa temor, ela tem outro tipo de reação. A vemos mais próxima aos Spartans, chegando até a defendê-los e lembrando com carinho de certos momentos que viveram no passado. Entre os bichinhos de estimação que tiveram até um certo início de relação com Miranda Keyes, não me pareceu algo tão brusco e serviu para nos contextualizar dos riscos que todos correm.

Kwan Ha quer confrontar Vinsher

E conforme nos aproximamos do fim da história de Halo, fica ainda mais claro de que Halsey pode ser a grande vilã de toda essa história. Óbvio que os Covenant são os aliens maus, assim como Makee está solta pela galáxia atrás de Master Chief. Só que temos de considerar que isso são problemas que nosso herói pode resolver dando um tiro. Fácil assim, um grande conflito e pronto. A doutora já é outra história. Ela controla o sistema Cortana, fez parte da vida do Spartan e tem uma alta patente na UNSC. Suficiente para lhe dar imunidade em qualquer debate que seja criado.

Está mais claro como a água que ela não permitirá que as coisas saiam de seu controle. Mesmo observando o distanciamento do protagonista, ele continua se movendo conforme a sua diretriz. Até o momento, os demais membros do Conselho de Guerra também consideram a sua opinião, por mais que não sejam a favor dela. Os experimentos continuam dando resultados positivos para sua pesquisa. Aquilo que ela não percebeu é a fragilidade de tudo isso, com apenas um gatilho para as coisas mudarem de forma brusca. E com tanto poder em mãos, sua reação pode não ser das melhores ou que agradará a todos.

Enquanto tudo isso ocorre, voltamos a ver um pouco de ação com a fuga de Kwan Ha das garras de Vinsher. Disposto a exterminar a garota a qualquer custo, ele contrata uma assassina e bota a cabeça da jovem em recompensa para os demais se movimentarem também. Quando chega ao planeta com Soren, as coisas começam a se agitar ainda mais e o antigo Spartan se vê obrigado a voltar para o conflito. Mesmo sem aliados, isso não significa que ela se tornou um alvo fácil e tudo fica mais interessante conforme avançamos.

Enquanto isso, Master Chief observa suas memórias

Mudança de foco

Vou ser sincero com vocês, estou achando muito legal ver uma personagem que sequer existia na franquia principal ganhar um destaque e movimentar tanto certos núcleos em Halo. Tanto Vinsher quanto a UNSC tem razões para querer que ela esteja morta e estão fazendo de tudo para que isso se concretize. Enquanto Master Chief está focado na missão principal, estou curioso para ver onde este núcleo levará toda a trama.

Ok que temos os Covenant, o próprio anel e quem sabe até os Flood para nos preocuparmos. Mas se eu fosse vocês, prestava atenção no que está rolando ali. Tudo indica que essa será a cola que unirá a primeira temporada com a sua sequência, que já foi até confirmada pela Paramount+. Pode anotar essa dica aí, ainda que nosso herói atinja seu objetivo, o que estamos vendo em Madrigal e nos demais planetas que ainda se opõem à UNSC que vai dar o gatilho para o futuro.

Outra curiosidade interessante foi a quase inércia de nosso protagonista no quarto episódio. Temos momentos bons com ele, enquanto recupera parte de sua memória e revisita o seu lar. Porém estas cenas até são um pouco mais extensas do que o necessário e poderiam muito bem serem cortadas para dar mais espaço aos demais por aqui. O que movimenta a trama com ele dava para ter sido resumido em cinco minutos e pronto. Isso me fez ter uma percepção de que apesar do seu protagonismo, as coisas não estão girando exclusivamente ao seu redor. E em termos de roteiro, isso é bem curioso, de forma positiva.

Dava para resumir a participação do herói em pouco tempo

Nenhuma história deve depender das ações de apenas um grande astro, por assim dizer. Basta ver qualquer história de sucesso. Tanto nos filmes, games ou outras séries, um elenco forte carrega consigo uma importância tão grande quanto o principal herói. Por mais que Game of Thrones tenha acabado mal, podemos listar Jon Snow, Daenerys Targaryen, Tyrion Lannister e diversos outros que assumiram grande importância na trama sem depender de um só deles. Em Final Fantasy VII, temos até um trecho onde Cloud está em um certo nível de “coma” e os personagens continuam a se mover sem ele. Estes exemplos são apenas alguns de conteúdo de sucesso que aderiu à essa ideia.

Em Halo, Master Chief é o protagonista e ponto final. Não tem discussão em relação a isso. Porém, ver a Spartan Kai 125 assumindo grande parte do capítulo foi muito bom. Enxergar as coisas sob o ponto de vista de uma de suas principais subordinadas e aprender como eles cresceram por lá, para mim, é essencial para nos importarmos mais com eles no futuro. Da mesma forma Kwan Ha, qual eu tive certeza que teria seu plot abandonado de qualquer jeito e toma um considerável espaço para mostrar que estava errado na minha linha.

Como estas peças se moverão daqui em diante eu não saberia dizer, mas é uma certeza que tudo está se encaminhando para uma obra mais digna de ser assistida do que muita gente previu. Só nos resta aguardar pelas próximas semanas para bater o martelo de vez.

Halo está sendo exibido através da Paramount+, todas as quintas-feiras a partir das 5h. Veja mais em Críticas de Séries!

*Este texto é uma colaboração entre o NERDIZMO e o GAMERVIEW

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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