Cinema

Assassin’s Creed | Crítica: filme retrata a essência dos games com dignidade

Assassin’s Creed é uma das mais conhecidas séries de games lançadas pela Ubisoft. E depois de muita espera e torcida por parte dos fãs, ganhou uma superprodução cinematográfica que estrela dois grandes atores: Michael Fassbender e Marion Cotillard.

Levando em conta todas as produções e adaptações de games para o cinema, a gente normalmente fica com o pé atrás. Será que o filme vinga a série?

Na opinião de quem escreve este artigo, vinga sim. E vou explicar o porquê.

A história de um credo que luta pela liberdade

Na trama, acompanhamos a história de dois personagens ligados por sangue. Callum Lynch, um condenado à cadeira elétrica em 2016, e Aguilar de Nerha, seu ancestral de 1492 que fazia parte da Irmandade dos Assassinos.

Lynch é usado como um experimento para reviver as memórias de seu ancestral, em um dispositivo chamado de Animus.

No filme, esse dispositivo é retratado como uma máquina complexa cheia de hologramas e um braço gigante de ferro. Diferente dos games, que mostram o equipamento apenas como uma cama.

Assim como nos jogos da série, as duas narrativas ocorrem ao mesmo tempo, e tudo gira em torno de uma batalha antiga entre os Assassinos e os Templários.

Para resumir, seria a luta entre a revolução (questionamento científico, progresso e liberdade) e a Igreja (tradição, conservadorismo, censura, obediência).

A missão dos templários é simples: extinguir o livre arbítrio das pessoas. Controlar todos. Eliminar qualquer tipo de pensamento crítico ou desobediência.

Mais ou menos o que a Igreja já faz hoje em dia. Só que em escala maior.

E para conseguir isso, eles precisam encontrar a Maçã do Éden – um artefato que guarda o poder do livre arbítrio, a semente da primeira desobediência do homem.

Só que eles só conseguirão isso explorando memórias de ancestrais da Irmandade dos Assassinos.

Lynch é o mais importante deles, e o que pode colocar finalmente a Maçã nas mãos dos templários.

Beleza, ação e questionamento

Trata-se de um filme recheado de belíssimos cenários e cenas de ação simplesmente eletrizantes.

Quem fala que Assassin’s Creed não reverencia os games está redondamente enganado. Absolutamente tudo na adaptação faz alguma referência aos jogos da série. Mas sem forçar a barra.

As câmeras mostradas de cima, enquanto a águia paira no ar, as corridas por cima de prédios e construções em estilo Parkour.

Lutas cheias de sincronismos e golpes que a todo momento lembram os movimentos dos personagens do jogo. As vestimentas, equipamentos, armas, ambientação em geral. E até a narrativa, que acompanha um e outro personagem com um bom ritmo e se encaixam precisamente até o final da história.

Além disso, a trilha sonora é um dos grandes destaques do filme. Está completamente de acordo com cada cena e embalam os momentos de ação ou suspense presentes no filme.

Em alguns momentos, lembra até MacBeth, adaptação do romance de Shakespeare do mesmo diretor (Justin Kurzel) que estrela também Michael Fassbender e Marilon Cotillard.

Assassin’s Creed tem seu mérito em conseguir levar uma franquia de games e toda sua complexidade para um novo público de forma leve e objetiva.

Não é preciso passar 30 ou 40 horas em qualquer um dos jogos da série para compreender do que se trata. E isto é um feito incrível.

Qualquer pessoa que assistir consegue entender sem dificuldades a essência da série, que questiona, metaforicamente, o poder, controle que o dinheiro e a influência dos Templários (Igreja) exerce ao longo da história, capando a liberdade e livre-arbítrio das pessoas no mundo todo.

Uma mistura tempos antigos com ficção científica de uma forma no mínimo curiosa e inteligente.

Porém, nem tudo é maravilhoso

Estamos falando de um filme muito bom, mas não um filme sensacional. Isso se deve, infelizmente, a algumas falhas de roteiro.

Claro que é uma produção menos detalhada do que os jogos. São duas horas e pouco contra dezenas de horas nos games. Porém, devo dizer que o final é um tanto decepcionante.

Julguei como ruim a sequência final justamente por ela deixar tudo em aberto, e de uma forma boba e um tanto sem sentido.

Se o filme fosse uma produção conclusiva, seria maravilhosamente mais interessante. Mas o problema que assola os jogos da série aparentemente também atingiu o cinema. A continuidade.

Assassin’s Creed se tornou “carne de vaca” nos games justamente por ser lançado muitos games da série em curtos períodos de tempo entre um e outro. Isso torna o game enjoativo e quase sempre a mesma coisa.

No final deste filme, fica essa sensação rançosa, de que nada foi concluído. É só o início de uma saga. A meu ver, algo frustrante, pois quando assisto um filme, grande parte da satisfação está uma conclusão definitiva. Não é o que acontece aqui.

Mesmo assim, o conjunto da obra ficou muito interessante, e vale a pena conferir. Com certeza é uma das melhores adaptações de games de todos os tempos.

Assassin’s Creed

Diretor: Justin Kurzel
Roteiro: Michael Lesslie, Adam Cooper e Bill Collage

Duração: 1h55 minutos

Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons | Veja o elenco completo

Lançamento: 17 de janeiro de 2017

Flávio Croffi

Jornalista há mais de 18 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principoais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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