O espaço é lindo.

Pelo menos parece.

Grande parte das imagens do espaço soltas pela internet foram feitas por satélites e observatórios profissionais, mas você também pode fazer fotos muito bonitas de constelações e galáxias no quintal da sua casa (sério mesmo). Você precisa no mínimo de um quintal longe de luz artificial, uma câmera com boas lentes e algum investimento de tempo.

Os progressos da Óptica e da Astronomia fizeram curvas similares a partir da evolução da primeira. Isso porque quando descobriram que as lentes vítreas podiam criar um efeito magnificador da visão de objetos pequenos, alguém teve a ótima ideia de apontá-las para cima.

Os telescópios olharam para longe

Galileu Galilei é alardeado como pai do telescópio, mas no entanto o que desenvolveu foram várias versões de melhorias para um cacareco tubular com lentes construído por Hans Lippershey, até chegar ao que foi chamado de luneta. Galileu foi o primeiro homem a, de fato, apontar o telescópio para o céu. E ele descobriu muito: constelações, as crateras da Lua e até manchas solares (!), que geraram o boato de que ele era parcialmente cego de um olho por ter passado períodos muito longos observando o sol.

Desde então, com a possibilidade de observar corpos celestes a milhares de anos-luz de distância, a astronomia decolou. Os telescópios refratores – que usam um sistema de lentes como a luneta de Galileu – começaram a aumentar de tamanho para tentar enxergar cada vez mais longe… mas a física foi traiçoeira. Os telescópios encontraram dois problemas; um com a entrada de luz, obstruída quando se encostava o rosto para observar (problema resolvido por Newton com a ajuda de um espelho que desvia a imagem para cima) e outro envolvendo a natureza do próprio vidro. Lentes de diâmetro grande sofriam com a gravidade e acabavam deformadas, o que afetava o ponto de foco. Isso até a invenção dos telescópios refletores, formados por um conjunto de espelhos e lentes que permitem resolver o problema da deformidade com uma ideia bastante óbvia: um espelho só precisa refletir de um dos lados, e o outro pode receber reforços de estrutura para evitar deformação na angulação.

E então começamos a mandar telescópios para o espaço.

Na verdade, podemos enxergar bastante longe com telescópios poderosos como o Hubble aqui na Terra mesmo. Mas os gases presentes na atmosfera desviam o trajeto dos raios de luz e trazem, como resultado, luz distorcida e informação imprecisa. Quando olhamos daqui de baixo, as estrelas parecem piscar no céu por conta da ação da atmosfera distorcendo os raios. No espaço, nitidez não é um problema – e estrelas não piscam.

O Hubble, o mais importante telescópio em ação na atualidade, é composto de um sistema refletor de espelhos e lentes de alta precisão – o que não impediu que fosse lançado com uma falha na angulação de um dos espelhos (uma falha de míseros 2,2 mícrons a menos de curvatura) que deixava todas as imagens desfocadas e precisou ser corrigida às pressas. A luz captada é enviada para instrumentos de processamento (atualizados periodicamente em missões de manutenção para se atualizar em capacidade de acordo com novas tecnologias) capazes de processar luz visível, infravermelho e ultravioleta.

O que significa que nem todas as imagens que vemos na internet poderiam ser vistas de verdade.


Cores, comprimentos de onda e mentiras

 


Consideremos esta maravilhosa imagem do espectro eletromagnético. A luz visível abrange comprimentos de onda entre aproximadamente 380 e 750 nanômetros (nm). É uma faixa extremamente pequena no espectro. Os raios de frequência mais alta (comprimentos de onda curto) começam na ultravioleta, e as de frequência baixa (comprimentos de onda longos) em infravermelho.

O universo está cheio de informações em altíssima ou extremamente baixa frequência esperando para serem lidas. Outros telescópios também podem captar outras frequências de onda. Nossos olhos não são capazes de processar essa informação, mas as máquinas são, traduzindo-as para tons de violeta e vermelho.

Todas aquelas belíssimas imagens de galáxias em tons de lilás e rosa?

Mas vamos lembrar que essas imagens não são feitas para estampar posts do tumblr, leggings e sua imaginação.

São feitas para estudos. E para propósito de estudos, cores são alteradas, melhoradas ou completamente removidas, permitindo observar nuances impossíveis apenas sob luz visível ou sem processamento da imagem.

O colorido de Saturno? Cores fantasia.

Os Pilares da Criação? Cores melhoradas.

Se pudéssemos ver as galáxias de perto, a maioria delas  – existem nebulosas coloridas com luz visível sim, nossos olhos não são tão incapazes – ia parecer assim:

A galáxia Sombrero em toda sua majestade de luz visível.

Pense na época maravilhosa em que nós vivemos em que podemos ver luz que não se enxerga. Onde podemos ver Plutão, esse eterno candidato ao rebaixamento da série A da Via Láctea. Se tiver um colorido de mentira aqui ou ali, realmente não serei eu quem vai reclamar.

P.S.: dois links de referência muito bons – o site do Hubble, para babar constantemente sobre coisas maravilhosas que espelhos conseguem fazer, e o site (também app Android e iOS) da Nasa cujo layout certamente foi feito em 1995 que traz uma imagem totalmente maravilhosa todo dia. E é claro, absolutamente gratuita. Como essa:

Nebulosa de Órion, imagem de 2006, talvez com cores de mentira.

 

Autor: Maíra Testa

Redação Geekness

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