Como 1917 foi filmado é a primeira pergunta que vem à mente quando assistimos ao longa de Sam Mendes. Isso porque a técnica usada para parecer uma filmagem contínua nos leva à tamanha imersão na história que é como se estivéssemos assistindo tudo em tempo real.
O longa acompanha a jornada solitária e perigosa de dois soldados encarregados de entregar uma carta no front, com a intenção de impedir um ataque contra os alemães e cair em uma armadilha.
1917 não se mantém a tradição de contar histórias de guerras, e traz uma narrativa totalmente original e marcante contada em plano-sequência. Há cortes, e muitos deles, mas são invisíveis aos nossos olhos, criando toda a ilusão mágica em uma proposta repleta de desafios técnicos.
O ritmo em que a narrativa se desenvolve, atravessando altos e baixos como uma verdadeira onda de sensações, mostra o testemunho dos soldados enquanto adentram nas camadas da Primeira Guerra Mundial, conhecida historicamente por sua violência traumática, e como isso afeta gradualmente um personagem íntegro focado em sua missão.
Não é à toa a sensação de estarmos assistindo a uma história contada por um verdadeiro veterano de guerra. O filme foi inspirado no avô de Sam Mendes, que serviu ao exército britânico, para o qual o longa é dedicado quando os créditos sobem. Por esse motivo, é também o filme mais pessoal do diretor, sendo o primeiro para o qual ele se dedicou ao roteiro.
O próprio Mendes contou como a história é baseada na jornada de seu avô: “Ele teve que passar uma mensagem através de ‘uma terra de ninguém’. Ele se tornou a base da fita. Então, tudo foi inventado ou baseado em histórias reais de guerra, testemunhos, cartas e diários de outras pessoas”, conta Mendes.
O fluxo do filme acontece em progressão contínua, apenas com uma edição abrupta com o blackout de um dos personagens quando desmaia. E para criar a imersão nesse cenário infernal, Mendes recorreu a dois gigantes do cinema: o diretor de fotografia Roger Deakins e o editor Lee Smith.
Mendes explica que cada tomada tinha que ser separada com antecedência para que a câmera pudesse acompanhar todos os movimentos dos personagens, sem ter que recorrer posteriormente a cortes ou montagens.
“Nós ensaiamos por meses e meses, depois construímos os cenários, ensaiamos novamente e construímos novamente”, explica.
“Foi um processo muito longo porque tivemos que estudar a rota com os atores passo a passo, antes de montar o cenário. Tínhamos que saber a distância exata necessária para cada cena”, conta o diretor.
A equipe venceu vários desafios técnicos, inclusive inventando uma câmera capaz de gravar nos buracos, trincheiras e pequenos espaços.
Tudo graças aos avanços tecnológicos, que incluem câmeras leves o suficiente para serem desconectadas de um guindaste e atravessarem um campo conectadas a outro guindaste durante as filmagens. Drones para capturar imagens aéreas em movimento e efeitos digitais avançados para suavizar e ocultar as transições entre uma cena e a seguinte.
“Tivemos que conseguir que a câmera fizesse o que queríamos, sem nenhum esforço aparente. Isso envolveu cabos, guindastes, carros, motocicletas…”, diz Mendes.
Conhecido por outros filmes grandiosos, como Dunkirk e Interestelar, o editor Lee Smith revela que as gravações duraram de 39 segundos a 8 e ½ minutos. “Elas eram extremamente variáveis em comprimento”, explicou em entrevista.
“Todos os dias eu olhava para os diários, com até 39 tomadas de cada cena, e algumas delas nos davam muito pouca flexibilidade. Estávamos comprando o dia seguinte com base nas decisões que estávamos tomando”, conta.
Confira com seus próprios olhos alguns dos processos técnicos impressionantes que deram origem a um filme que rompeu paradigmas no cinema com uma história pacifista sobre a Primeira Guerra.
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Magnífico filme!!!!