Livros e HQ

Black Hammer mostra o lado humano dos heróis vivendo em reclusão

Black Hammer é uma história peculiar que coloca super-heróis em um outro patamar, diferente do que estamos acostumados – com batalhas intensas e contínuas, ou em busca de “acabar com o mal” e vencer alguma criatura horrenda a qual planeja destruir o mundo.

Aqui, o inimigo está dentro de cada um deles, e em volta do ambiente onde vivem.

A narrativa se passa em uma fazenda, onde por algum mistério seis antigos ‘heróis’ estão presos e não conseguem sair de lá de forma alguma.

São eles: O velho Hammond, o marciano Barbalien, a “menina” Golden Gail, uma robô chamada Talky-Walky, um velho astronauta, o Coronel Weird, e a Madame Libélula – que vive reclusa em uma cabana vizinha da fazenda.

Black Hammer, quem dá nome a série, era um dos heróis que vivia com eles. Talvez o mais poderoso. E por algum motivo ele tentou sair da zona limitada onde eles vivem e algo aconteceu, ocasionando em seu desaparecimento.

O mais interessante da história é como cada personagem lida com o isolamento de viver preso no local, e como eles lidam com as pessoas que vivem na vila próxima da fazenda e com eles mesmos. Hora embebidos de tédio, hora despertando esperança de finalmente cair fora dali.

Golden Gail, por exemplo, sofre intensamente por estar presa no corpo de uma criança e a palavra mágica que a faz retornar ao seu corpo natural não funcionar mais (referência a Shazam). O marciano Barbalien (referência ao Caçador de Marte) luta para se encaixar na sociedade humana ao frequentar a igreja; enquanto Hammond (referência ao Capitão América), se adapta melhor à vida isolada depois de ter sido um exímio lutador de boxe que fracassou como herói.

Com roteiros de Jeff Lemire (Velho Logan, Gavião Arqueiro, Arqueiro Verde) e arte de Deam Ormston, esta primorosa HQ da Dark Horse publicada pela Editora Intrínseca caminha em linhas distintas e segue o estilo “Alan Moore”. Ou seja, mostra o lado menos heroico, menos bondoso, e mais humano desses super-heróis. Faz inclusive uma alusão à época de ouro dos heróis, da popularidade deles nos quadrinhos – especialmente nas cenas nostálgicas que cada um lembra como era ser um combatente “do bem”.

No entanto, como tudo, eles envelheceram. E refletem sobre isso reclusos. O que torna esta obra realmente muito interessante.

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Imagens da HQ Black Hammer

Flávio Croffi

Jornalista há mais de 18 anos e fundador do NERDIZMO. Foi editor do GamesBrasil, TechGuru, BABOO e já forneceu conteúdo para os principoais portais do Brasil, como o UOL, GLOBO, MSN, TERRA, iG e R7. Também foi repórter das revistas MOVIE, EGW e Nintendo World.

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