A jazzista israelense Michal Levy tem uma experiência peculiar com a música. Ela pode ver formas e cores à medida que se desdobram diferentes tons, notas e frequências nas melodias musicais. Para compartilhar seu olhar sinesteta, ela desenvolveu animações que revelam como soam as composições de Bach e John Coltrane.

“Quando criança, tocando piano, muito antes da minha primeira experiência sinestésica consciente, fiquei fascinada com o fato de que mesmo a menor alteração na posição dos meus dedos podia mudar completamente a harmonia. Essas harmonias de mudança de forma tinham tons emocionais para mim – eu senti que elas estavam me levando em uma jornada, me contando uma história, em nenhum lugar mais poderoso do que no prelúdio de Bach mais famoso. Tornou-se um sonho meu criar uma animação que transmitisse essa viagem emocional de harmonia.”, diz a artista.

Giant Steps, sua primeira animação, criada em 2001, captura a experiência singular de como Michal visualiza a obra prima de Coltrane.

Dance of Harmony, sua animação mais recente criada em parceria com a animadora Hagai Aza, oferece aos espectadores uma visita à sua fascinante condição neurológica, onde os sentidos se cruzam, revelando uma experiência multissensorial através das notas, cores e movimentos do prelúdio de Bach.

“Minha pergunta norteadora era se eu podia mostrar o fluxo em cascata da emoção, para tornar a sensação contagiosa, usando apenas cores, a forma básica dos círculos e o movimento minimalista, atribuindo a cada acorde musical os elementos visuais que lhe correspondem de forma sinestética. Para mim, a música é uma experiência multidimensional – um fluxo em constante mudança de forma, forma e cor que se move pelo espaço.”

Há também um tanto sobre a perda e o amor em Dance of Harmony. A artista escolheu uma gravação na qual há uma barra a mais, adicionada por outro compositor à peça originalmente escrita por Bach.

Quando escolhi essa gravação e fiz o filme, não conhecia nada da história por trás – mas senti que uma barra estava errada, de alguma forma tensa. Eu chamei de “o coração sangrando”. Tornou-se a única parte da animação em que os círculos param de se mover e bombeiam contra um rico fundo vermelho. “O coração sangrando” fica entre as barras 22 e 23. Meu irmão morreu entre 22 e 23 anos durante um terremoto em Christchurch, Nova Zelândia. Embora tenha acontecido por acaso, essa sincronicidade agora empresta uma nova camada de significado à animação como uma representação abstrata da história da minha família – configurada de uma maneira, crescendo, tendo que se reconfigurar à medida que incorporamos o desgosto da perda em nossas vidas.

Raquel Rapini

Jornalista movida pela curiosidade de saber mais sobre qualquer assunto. Escreve sobre arte, cultura, games e assuntos gerais relacionados às ciências, sociedade e mundo geek.

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