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15 documentários para entender a Ditadura Militar no Brasil

Manifestação no Rio de Janeiro em 1968 contra a ditadura militar

É necessário saber a história para não repeti-la. A ditadura militar no Brasil é um dos períodos que necessitam ser compreendidos, especialmente em tempos de revisionismo histórico e manipulação intelectual. Selecionamos 15 documentários para você compreender de uma vez por todas essa memória que insistem em apagar do povo brasileiro.

Foi apenas cinco décadas após esse período que a população pôde ter acesso a uma parte dos documentos que detalham as ações dos militares no Brasil, liberados pela comissão de verdade dos EUA, em 2014.

Em 2018, um documento da CIA implodiu a versão oficial da ditadura, e revelou que a cúpula do Governo militar brasileiro autorizou execuções dos cidadãos.

Essa lista foi desenvolvida com a ajuda de Antonio Morales e Eli Angela Croffi, dois jovens nos tempos da ditadura que viram  seus colegas de classe desaparecem, viveram o terror e o medo de se expressar livremente.

Antonio Morales inclusive criou o blog Arquivo 68 para oferecer um acervo que aprofunda no assunto e onde ele conta o que viu e viveu durante a ditadura.

“É um período que é preciso ter cuidado para não voltar, porque foi muito destrutivo. Tem gente alienada, mas nós, que estavámos na faculdade durante aquela época, vimos que era real. E era assustador viver com aquele medo”, diz Eli Angela Croffi.

15 documentários para entender a Ditadura Militar no Brasil

Repare Bem (2013)

Documentário dirigido por Maria de Medeiros, se concentra em torno de Denise, Encarnação e Eduarda, três gerações de mulheres marcadas pela luta contra a ditadura militar, e suas duras trajetórias de batalha, exílio e perdas.

O dia que durou 21 anos (2012)

Dirigido por Camilo Galli Tavares, a produção mostra a participação do governo dos Estados Unidos na preparação, desde 1962, para o golpe de estado em 1964, no Brasil.

O ponto de partida do documentário é a crise provocada pela renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, e prossegue até o ano de 1969, quando o embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick, foi sequestrado por grupos armados.

Em troca do embaixador, o grupo pediu a libertação de 15 presos políticos, dentre os quais estava o jornalista Flávio Tavares, pai do diretor do documentário.

Memórias do Chumbo – O futebol nos tempos do Condor

Produzido pelo jornalista e historiador Lúcio de Castro, o documentário investiga as relações entre o futebol e os braços armados das ditaduras militares em quatro países da América Latina: Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.

Cada episódio é destinado a um país, onde Castro remonta o período em que as ditaduras se instalaram e as contextualizam, principalmente, com as seleções nacionais de futebol, que foram utilizadas pelos militares como instrumento de propaganda do regime totalitário.

Maioria Absoluta (1964)

Mini-documentário dirigido por Leon Hirszman, retrata o cotidiano dos trabalhadores rurais analfabetos, principalmente os nordestinos, que vivem na miséria extrema. Apesar da pouca escolaridade, esses trabalhadores são conscientes de sua condição e habilitados para propor soluções para seus problemas.

Viramundo (1964-65)

O diretor Geraldo Sarno ilustra a chegada dos nordestinos à cidade de São Paulo com depoimentos dos próprios migrantes e músicas com letras de José Carlos Capinan. O tema central da produção é a busca desse povo pelo emprego na cidade grande, onde também se retrata todo percurso de vidas que chegam até ali.

https://youtu.be/TDWg98a8lwc

Cabra Marcado para Morrer (1984)

Um filme sobre a vida de João Pedro Teixeira, assassinado por ordem de latifundiários, que começou a ser gravado em 1964, com a reconstituição ficcional da ação políticia que levou ao assassinato.

O tema se concentra em torno dos camponeses, entre eles Engenho Galiléia, João Virgílio e a viúva de João Pedro, Elizabeth Teixeira.

A produção foi interrompida pelo Golpe Militar, em 1964. Dezessete anos depois, em 1981, as filmagens retornaram, onde o diretor busca novamente essas pessoas para rever as imagens do passado e retratar suas experiências.

https://youtu.be/PzlUuYYeL_Q

Opinião Pública (1967)

Dirigido por Arnaldo Jabor, o documentário é um mergulho na vida da classe média do Rio de Janeiro, para salientar seus gostos, comportamentos e principalmente sua alienação sobre a realidade brasileira.

Através de entrevistas, Jabor procura saber a opinião dessas pessoas sobre diversos assuntos, entre eles o conceito de Opinião Pública, que, supostamente, designa o que pensa o povo.

O Certificado de Censura Federal 31203 afirma que o filme sofreu ”cortes nas seguintes expressões: ‘Neste país não há governos’; ‘Merda’; ‘a vida sobe 70 por cento e o governo nos dá 31 por cento’.

Marighella (2011)

O documentário desvenda quem foi Carlos Marighella, um baiano, poeta, amante de samba e futebol, cujo nome reverbera como principal inimigo da ditadura militar brasileira.

Marighella foi líder comunista, vítima de prisões e tortura, parlamentar e autor do mundialmente traduzido “Manual do Guerrilheiro Urbano”.

Dirigido por Isabela Grinspum Ferraz, sobrinha de Marighella, a produção é uma construção histórica e afetiva desse ícone contra a repressão, que dedicou sua vida para pensar e transformar o Brasil.

Cidadão Boilsen (2009)

Dirigido por Chaim Litewski, o documentário apresenta um capítulo dos anos de chumbo no Brasil, onde a repressão violenta era financiada pelos empresários, e se concentra principalmente em um deles: Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do grupo Ultra que, com a ditadura militar, participou na criação da Oban – Operação Bandeirante –, e assistiu voluntariamente sessões de tortura.

A produção conta com diversos depoimentos de personagens da época, entre eles, o ex-secretário da segurança Erasmo Dias, o ex-governador Paulo Egydio Martins e antigos presos políticos, como Carlos Eugênio Sarmento da Paz e Jacob Gorender.

O documentário ganhou prêmio de melhor filme, no Festivel É Tudo Verdade, em 2009.

Em busca de Iara (2013)

Mariana Pamplona, sobrinha de Iara Iavelberg, resgata e investiga a vida da guerrilheira. Iara, uma mulher culta, abdicou da confortável vida familiar para entrar em luta armada contra a tirania da ditadura militar.

Iara viveu clandestinamente e se tornou companheira de Carlos Lamarca, compartilhando com ele o posto de um dos alvos mais cobiçados pela repressão.

A produção desconstrói a versão oficial do regime, que declarou a morte de Iara como suicídio, em 1971.

Utopia e Bárbarie (2010)

Dirigido por Silvo Tendler, o documentário viaja por alguns dos mais polêmicos episódios dos últimos séculos.

Dentre os temas abordados estão o Holocausto, bombas de Hiroshima e Nagasaki, a Revolução de Outubro e o ano de 1968 no mundo, inclusive no Brasil, que são retratados com imagens e fortes depoimentos de quem viveu e lutou pela liberdade.

Verdade 12.528

Com nome que se refere exatamente à lei que criou a Comissão Nacional da Verdade em 2011, o documentário resgata e reconstrói a memória de personagens que viveram durante o período de repressão e explica como funciona a Comissão Nacional da Verdade. Dirigido por Paula Sacchetta e Peu Robles.

Memórias da Ditadura Militar no Brasil

Documentário que faz parte de uma série de reportagens chamada “Caminhos da Reportagem”. Com diversos depoimentos, a produção deseja relembrar os fatos que marcaram essa história e mostrar como era o país antes e logo depois do golpe.

Damas da liberdade (2012)

Dirigido por Célia Gurgel e Joe Pimentel, o documentário apresenta narrativas de mulheres do Movimento Feminino pela Anistia e do Comitê Brasileiro pela Anistia, que conta a história da luta pela anistia no Brasil nos anos 70, e reacende o debate sobre um período de repressão e medo, que o país jamais deverá esquecer.

O Regime Militar no Brasil (1964: 40 anos depois)

Dirigido por Cesar Mendes e Chico Sant’anna, o documentário da TV Senado apresenta 40 personagens da época, que revelam os bastidores que culminaram no golpe militar no Brasil, e comentam em detalhes esse momento da nossa história política ainda recente.

Tem alguma dica para acrescentar na lista? Conta pra gente nos comentários.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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